Pelo 2º ano, Brasil é penúltimo em ranking de competitividade, diz CNI
Carga tributária e custo de financiamento pesam contra o Brasil em ranking com 16 países
Agência O Globo
Publicado em 29 de julho de 2020 às 09h38.
Pelo segundo ano, o Brasil perde de 16 países e só ganha da Argentina em um ranking de competitividade elaborado pela Confederação Nacional da Indústria ( CNI ). Enquanto o Congresso se prepara para avançar na reforma tributária, o estudo mostra que o peso e a complexidade dos impostos são fatores que prejudicam a economia brasileira na comparação internacional.
A pesquisa da CNI leva em consideração indicadores em nove segmentos, como tributação, infraestrutura e custo do trabalho, e confere notas a cada um dos 18 países participantes. Coreia do Sul, Canadá e Austrália lideram a lista.
O Brasil não foi bem em nenhum dos índices. O melhor desempenho foi registrado na área de tecnologia e inovação, na qual o país figura na oitava colocação — fora, portanto, do topo da lista dos mais bem posicionados do levantamento.
Assim como no ranking geral, o país é vice-lanterna no quesito tributação. O estudo destaca que a carga tributária brasileira é de 32,3% do Produto Interno Bruto (PIB, que mede o tamanho da economia) e representa 65,1% do lucro das empresas.
“É quase a mesma de países cuja renda per capita é cerca de duas vezes superior à brasileira, como Espanha (33,7%) e Polônia (33,9%)”, pontua a pesquisa.
Além do tamanho dos impostos, a complexidade do sistema tributário também pesou contra o Brasil.
Simplificação na reforma
Em um dos indicadores utilizados para medir a qualidade do regime de impostos dos países pesquisados, o que avalia o tempo para realizar processos como pedir restituição de tributos, o país ficou em último colocado.
As propostas de reforma tributária em discussão no Legislativo — inclusive a recém-enviada pelo governo — não preveem redução da carga tributária. Empresários esperam que as mudanças diminuam o nível de complexidade do sistema.
O desempenho do país também foi prejudicado pelo custo de financiamento — o pior marcador no estudo.
Apesar da queda da Selic, o país tem a mais alta taxa de juros real de curto prazo entre as nações avaliadas: 8,8% ao ano. A Rússia, segunda pior colocada nesse quesito, tem uma taxa de 5,2% ao ano. O Brasil tem também a pior diferença entre quanto o banco paga para pegar dinheiro e quanto cobra para emprestar: 32,2%.