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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h31.
Brasil, Chile e Argentina deram importante passo rumo à negociação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) com os Estados Unidos. Durante a reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), em setembro, no México, os três países vão apresentar postura única, isto é, sem divergência de interesses. As informações são da Agência Brasil.
O compromisso foi firmado na Cúpula de Governança Progressista, na Inglaterra, que contou com a participação dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Ricardo Lagos (Chile) e Néstor Kirchner (Argentina). "O Brasil está convencido de que os acordos devem ser feitos no bloco e queremos fortalecer o Mercosul porque, quanto mais forte estiver, mais força teremos para negociar na Alca", disse Lula.
O presidente brasileiro ressaltou a necessidade de se discutir os obstáculos que dificultam a exportação, sobretudo dos produtos agrícolas de países em desenvolvimento, já que a negociação da Alca expira em janeiro de 2005. Para Lula, é fundamental discutir o que fazer para que os países pobres não percam competitividade com a entrada em vigor da Alca. "Os EUA querem levar todas as coisas que interessam a eles para a OMC. Então, se não for possível discutir o que queremos até 2005, nós também levaremos para a rodada de Doha", disse.
Sobre a integração do Mercosul, Lula afirmou que está trabalhando pela entrada de outros países, como o Peru, e ainda para melhorar a relação com a União Européia. "Como não queremos ficar parados no tempo, lutamos para que o Mercosul se transforme num bloco sólido."
O presidente do Chile, Ricardo Lagos, destacou que os três países apresentarão, também, a Uruguai e Paraguai a proposta de infra-estrutura, com o objetivo de se obter financiamentos internacionais, dentro das Ações de Integração. "Teremos de dar, dentro de 60 dias, uma resposta muito concreta sobre como será esse processo de integração física", acrescentou Lagos, que recebeu prontamente o sinal de positivo de Kirchner.
Diplomacia
Os comentários de Lula sobre o governo dos Estados Unidos, durante a Conferência da Governança Progressista foram mal interpretados, afirmou o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim. "O presidente quis dizer que os Estados Unidos sabem defender os seus interesses e que isso é um modelo que nós devemos fazer. Eu acho que o sentido da declaração foi plenamente claro", afirmou. "São ruídos menores dentro de um processo que está muito bem encaminhado."
A propósito da referência feita por Lula ao presidente Bush, o chanceler lembrou que o presidente brasileiro quis dizer: "temos que fazer o que os Estados Unidos fazem na defesa dos seus interesses".
Sobre os comentários em relaçao a Cuba, de que o país é problema dos eleitores americanos, Amorim afirmou que os EUA analisam a questão relacionada à ditatura e à repressão. O chanceler declarou que a posição do governo brasileiro é clara: "somos a favor dos direitos humanos e nós reconhecemos também o que Cuba fez na área social"