Parte do comércio fechará no próximo jogo do Maracanã
Jati de Assis contou que ela e outros comerciantes de shopping desistiram de abrir as portas na quarta, com possibilidade de protestos no entorno do estádio
Da Redação
Publicado em 16 de junho de 2014 às 16h28.
Rio - Palco de confrontos entre manifestantes e policiais na noite de domingo, 15, quando Argentina e Bósnia se enfrentavam no Maracanã , o Boulevard 28 de Setembro, em Vila Isabel, na zona norte do Rio, amanheceu ainda com reflexos do protesto.
Nas agências bancárias depredadas, filas se acumulavam; garis trocavam as lixeiras arrancadas e comerciantes tomaram uma decisão: não devem abrir as portas no próximo jogo no Maracanã: Espanha X Chile, na quarta-feira, às 16h.
A comerciante Jati de Assis, de 62 anos, estava com a mãe, Cecy, de 87, num restaurante na 28 de setembro quando a confusão chegou à avenida de Vila Isabel.
"O jogo estava no início, eles (manifestantes) passaram correndo e os garçons fecharam o restaurante. Ficamos lá dentro uns 30 minutos, foi assustador", contou Jati, que decidiu ir embora com a mãe na hora do intervalo.
"Já não havia mais clima. Sou doida pela Argentina, estava de camisa da seleção e tudo, mas ficamos tensas", explicou.
Dona de um restaurante na esquina da 28 de setembro com rua Silva Pinto, Jati contou que ela e os outros comerciantes do Boulevard desistiram de abrir as portas na quarta, com a possibilidade de novos protestos no entorno do Maracanã.
"Antes, o comércio fechava cedo por causa de confusão no morro", disse ela, moradora de Vila Isabel há 34 anos, lembrando-se dos dias tensos antes da pacificação do Morro dos Macacos, ocupado pela polícia desde 2010.
As vidraças das fachadas das agências de Caixa, Itaú e Banco do Brasil foram as mais danificadas.
Com as lojas temporariamente fechadas para que pudessem ser removidos os cacos de vidro, filas acumulavam-se nas entradas por volta das 11h, com clientes aguardando desde às 9h30.
O protesto no entorno do Maracanã chegou a reunir cerca de 500 pessoas.
Quando o grupo tentava chegar próximo ao estádio , na Avenida Maracanã, a PM lançou as primeiras bombas de efeito moral e teve início a confusão.
Espalhados pelas ruas da Tijuca e de Vila Isabel, no entorno do estádio, manifestantes entraram em confronto com os PMs: próximo à rua São Francisco Xavier, um grupo arremessou coquetéis molotov contra os militares.
A manifestação ficou marcada também pelo clima de hostilidade entre ativistas e moradores ou pessoas que assistiam ao jogo em bares. Por muitas vezes, manifestantes foram hostilizados - e pelo menos dois, agredidos, na 28 de setembro.