Exame Logo

Paraguai pede que EUA desprezem dívida do tempo da ditadura

Seguradora italiana que reivindica uma dívida de US$ 85 milhões contraída durante a ditadura de Alfredo Stroessner

O presidente do Paraguai, Horacio Cartes: o tribunal deverá agora se pronunciar sobre a imunidade do Paraguai (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de janeiro de 2016 às 15h17.

Assunção - O governo paraguaio pediu à Corte Federal dos Estados Unidos que despreze o processo contra si promovido por uma empresa seguradora italiana que reivindica uma dívida de US$ 85 milhões contraída durante a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989), informou neste domingo a Procuradoria Geral do Paraguai.

Trata-se do caso de Gustavo Gramont Berres, um sobrinho político de Stroessner que no anos 80 foi enviado à Suíça pelo ditador como "cônsul itinerante".

Gramont usou supostamente uma garantia falsificada feita por ele mesmo em nome do Estado e um resseguro outorgado pela italiana SACE (Sezione Speciale per l'Assicurazione do Credito all'Esportazione) com o qual recebeu empréstimos no valor de cerca de US$ 85 milhões para duas de suas empresas.

Os projetos de investimento planejados por Gramont, que consistiam em uma processadora de cítricos e uma fábrica de produtos farmacêuticos, ficaram no nada, assim como a amortização dos empréstimos.

Em 1993, nove bancos promoveram um processo contra o Paraguai para exigir o pagamento da dívida que Gramont tinha contraído, supostamente com o aval do governo.

O Tribunal Federal suíço condenou em maio de 2005 o Estado paraguaio e a firma SACE a pagar US$ 85 milhões a esses bancos.

A SACE chegou a um acordo com os bancos suíços, mas promoveu depois um processo internacional perante a Corte Federal americana contra o Paraguai pelo pagamento da dívida, segundo a Procuradoria Geral paraguaia.

O Paraguai rejeitou em diversas ocasiões o pagamento desta dívida que considera "ilegítima", e na quinta-feira apresentou perante o tribunal americano uma solicitação de desestimação do processo pela dívida.

O Paraguai argumenta que possui imunidade como nação frente a um processo apresentado nos Estados Unidos, e sustenta além disso que este país não tem jurisdição sobre o caso, dado que nem as partes e nem os fatos têm qualquer relação com seu território.

O tribunal deverá agora se pronunciar sobre a imunidade do Paraguai, enquanto a firma SACE disporá de um prazo de 60 dias para responder à argumentação apresentada pelo governo paraguaio.

Em setembro, o presidente do Paraguai, Horacio Cartes; o titular da Corte Suprema de Justiça, Antonio Fretes; o do Senado, Mario Abdo Benítez; e o da Câmara dos Deputados, Hugo Velázquez, acordaram em reunião conjunta a rejeição do Paraguai à dívida pelo caso Gramont.

No entanto, o anterior líder paraguaio, Federico Franco (2012-2013), tinha declarado em junho de 2012 que seu país pagaria a dívida como via para desbloquear suas reservas internacionais.

Franco lembrou então que o Paraguai tem quase US$ 5 bilhões de reservas internacionais em um banco da cidade suíça de Basileia, "onde não gera juros", dado que estão bloqueados para evitar um embargo pela dívida de Gramont.

Veja também

Assunção - O governo paraguaio pediu à Corte Federal dos Estados Unidos que despreze o processo contra si promovido por uma empresa seguradora italiana que reivindica uma dívida de US$ 85 milhões contraída durante a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989), informou neste domingo a Procuradoria Geral do Paraguai.

Trata-se do caso de Gustavo Gramont Berres, um sobrinho político de Stroessner que no anos 80 foi enviado à Suíça pelo ditador como "cônsul itinerante".

Gramont usou supostamente uma garantia falsificada feita por ele mesmo em nome do Estado e um resseguro outorgado pela italiana SACE (Sezione Speciale per l'Assicurazione do Credito all'Esportazione) com o qual recebeu empréstimos no valor de cerca de US$ 85 milhões para duas de suas empresas.

Os projetos de investimento planejados por Gramont, que consistiam em uma processadora de cítricos e uma fábrica de produtos farmacêuticos, ficaram no nada, assim como a amortização dos empréstimos.

Em 1993, nove bancos promoveram um processo contra o Paraguai para exigir o pagamento da dívida que Gramont tinha contraído, supostamente com o aval do governo.

O Tribunal Federal suíço condenou em maio de 2005 o Estado paraguaio e a firma SACE a pagar US$ 85 milhões a esses bancos.

A SACE chegou a um acordo com os bancos suíços, mas promoveu depois um processo internacional perante a Corte Federal americana contra o Paraguai pelo pagamento da dívida, segundo a Procuradoria Geral paraguaia.

O Paraguai rejeitou em diversas ocasiões o pagamento desta dívida que considera "ilegítima", e na quinta-feira apresentou perante o tribunal americano uma solicitação de desestimação do processo pela dívida.

O Paraguai argumenta que possui imunidade como nação frente a um processo apresentado nos Estados Unidos, e sustenta além disso que este país não tem jurisdição sobre o caso, dado que nem as partes e nem os fatos têm qualquer relação com seu território.

O tribunal deverá agora se pronunciar sobre a imunidade do Paraguai, enquanto a firma SACE disporá de um prazo de 60 dias para responder à argumentação apresentada pelo governo paraguaio.

Em setembro, o presidente do Paraguai, Horacio Cartes; o titular da Corte Suprema de Justiça, Antonio Fretes; o do Senado, Mario Abdo Benítez; e o da Câmara dos Deputados, Hugo Velázquez, acordaram em reunião conjunta a rejeição do Paraguai à dívida pelo caso Gramont.

No entanto, o anterior líder paraguaio, Federico Franco (2012-2013), tinha declarado em junho de 2012 que seu país pagaria a dívida como via para desbloquear suas reservas internacionais.

Franco lembrou então que o Paraguai tem quase US$ 5 bilhões de reservas internacionais em um banco da cidade suíça de Basileia, "onde não gera juros", dado que estão bloqueados para evitar um embargo pela dívida de Gramont.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaDívidas de paísesEstados Unidos (EUA)Países ricosParaguai

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame