Economia

Para FMI, zona do euro não deve retirar estímulos fiscais prematuramente

"Vimos o começo da recuperação no terceiro trimestre, mas ainda estamos abaixo do pré-crise", avaliou FMI

FMI: "Temos de reconhecer que os apoios durante a crise foram sem precedentes" (Yuri Gripas/Reuters)

FMI: "Temos de reconhecer que os apoios durante a crise foram sem precedentes" (Yuri Gripas/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de novembro de 2020 às 15h24.

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, recomendou nesta segunda-feira, 30, em entrevista coletiva que governos da zona do euro não tirem estímulos fiscais "prematuramente". Georgieva avalia que há incerteza no cenário econômico, com novas infecções de covid-19 atrapalhando a retomada. "Vimos o começo da recuperação no terceiro trimestre, mas ainda estamos abaixo do pré-crise", avaliou.

Sobre o Banco Central Europeu (BCE), indicou que apoia a intenção do conselho de "recalibrar" suas medidas de estímulo na próxima reunião, marcada para dezembro. "Se for necessário o BCE fazer mais, tem de fazê-lo", afirmou.

"Temos de reconhecer que os apoios durante a crise foram sem precedentes", indo "além do esperado" e conseguindo evitar um colapso bancário e nos empregos na zona do euro, avaliou. Segundo ela, as medidas de apoio foram generalizadas, e o objetivo agora deve ser tornar as ajudas mais direcionadas. A líder do FMI reforçou que empréstimos de má qualidade devem ser evitados e os setores com mais capacidade de geração de empregos devem ter prioridade, ainda que seja complicado enfrentar pressão e lobby.

Para ela, o pior cenário é não haver recuperação em 2021, com vacinas não sendo entregues e havendo uma terceira onda de covid-19. O FMI, segundo Georgieva, trabalha com a expectativa de disponibilidade de vacinas na zona do euro no meio de 2021 e no mundo todo até o final de 2022.

As condições atuais são estimulantes para reformas, indicou Georgieva, com especial enfoque em uma transição verde. Espanha e Itália estão tendo problemas com as dívidas, mas o momento de juros baixos pode ser utilizado para tornar a economia "mais competitiva e em trajetória de maior crescimento".

Para Georgieva, o tamanho dos fundos atuais para recuperação é adequado, a "questão é a qualidade dos gastos", avaliou. Sobre os investimentos do programa Nova Geração da União Europeia, "esperamos que ele estimule reformas", disse Georgieva, mais uma vez enfatizando uma economia verde.

Acompanhe tudo sobre:BCEFMIUnião EuropeiaZona do Euro

Mais de Economia

Qual é a diferença entre bloqueio e contingenciamento de recursos do Orçamento? Entenda

Haddad anuncia corte de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024 para cumprir arcabouço e meta fiscal

Fazenda mantém projeção do PIB de 2024 em 2,5%; expectativa para inflação sobe para 3,9%

Mais na Exame