Economia

OMC divulga relatório final contra subsídio americano do algodão

Itamaraty comemora conteúdo de relatório sigiloso da OMC e afirma que condenação abrange qualquer commodity agrícola

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h05.

Brasil e Estados Unidos receberam nesta sexta-feira (18/6) o relatório final do painel da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a compatibilidade de vários subsídios americanos à produção, comercialização e exportação de algodão com as normas multilaterais de comércio. O documento é confidencial, mas, de acordo com nota do Ministério das Relações Exteriores distribuída hoje, ainda que o governo brasileiro não possa divulgar detalhes sobre seu conteúdo, "saúda com grande satisfação as determinações do painel no que se refere a todos os pontos".
Segundo o Itamaraty, trata-se da primeira controvérsia da história da OMC a questionar subsídios agrícolas domésticos à produção não apenas de algodão, mas de qualquer commodity agrícola. Entre as reclamações brasileiras, está a alegação de que o apoio doméstico americano causou prejuízo grave ao Brasil pela depressão dos preços internacionais.

O painel na OMC foi precedido, no período de outubro de 2002 a janeiro de 2003, por três rodadas de consultas entre as partes, sem acordo. A complexidade do regime americano de subsídios levou à realização de três audiências com as partes nos meses de julho, outubro e dezembro de 2003, um número sem precedentes de acordo com a diplomacia brasileira.

Com a emissão do relatório final, o painel formado pelo polonês Dariusz Rosati, pelo australiano Daniel Moulis e pelo chileno Mario Mattus conclui seus trabalhos, iniciados por requerimento brasileiro em 27 de setembro de 2002. O documento vai agora circular para os demais membros da OMC, dando-se início à contagem do prazo (20 a 60 dias) para que seja adotado pelo Órgão de Solução de Controvérsias ou seja objeto de recurso ao Órgão de Apelação.

Apoio pesado

Entre agosto de 1999 e julho de 2003, os produtores americanos de algodão receberam 12,5 bilhões de dólares a título de subsídios, segundo dados do próprio Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. O valor da safra americana de algodão produzida nesse mesmo período foi de 13,94 bilhões, o que constitui taxa de subsídios de 89,5%. No período 2001-2002, quando a safra somou 3,080 bilhões, o governo americano pagou aos produtores de algodão quase 4 bilhões, o que implica uma taxa de subsídios de 129,3% no período.

O Brasil apresentou, como apoio a suas reclamações, cálculos de Daniel Sumner, da Universidade da Califórnia, pelos quais sem os subsídios, a produção americana de algodão entre 1999 e 2002 teria sido, em média, 28,7% menor, e as exportações dos EUA teriam caído, em média, 41,2%. Se não fosse pela superprodução norte-americana possibilitada pelos subsídios, os preços internacionais de algodão seriam 12,6% mais altos.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

Lula sanciona projeto de desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia

Haddad vê descompasso nas expectativas sobre decisões dos Bancos Centrais globais em torno dos juros

Cartão de crédito para MEIs: Banco do Brasil lança produto sem cobrança de anuidade para clientes

Fim do Saque-aniversário do FGTS? Ministro vai enviar projeto ao Congresso para encerrar modalidade