Economia

OMC discutirá efeito das taxas de câmbio no comércio

Para abordar o tema, a organização realizará um seminário nos dias 27 e 28 de março

O Brasil argumenta que há países como a China que mantêm sua taxa de câmbio em baixa há 20 anos (Vanderlei Almeida/AFP)

O Brasil argumenta que há países como a China que mantêm sua taxa de câmbio em baixa há 20 anos (Vanderlei Almeida/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2012 às 15h14.

Genebra - A Organização Mundial do Comércio (OMC) realizará um seminário nos dias 27 e 28 de março para debater a relação entre as taxas de câmbio das divisas e o comércio internacional, e o efeito recíproco entre ambas variáveis.

O seminário acontecerá depois que, no ano passado, o Brasil propusesse ao Grupo de Trabalho da OMC sobre Dívida Comercial e Finanças um estudo sobre este assunto desde uma perspectiva econômica baseada na teoria e em análises de casos reais.

O resultado foi um relatório do Secretariado da OMC, divulgado no último mês de setembro, com base em 130 estudos de analistas, que 'permitiram chegar à conclusão que não há conclusão', segundo detalharam nesta quarta-feira fontes diplomáticas.

O relatório não permitiu um veredicto conclusivo e o resultado deste seminário de dois dias - com participação de representantes de governos, entidades financeiras, empresários, organizações internacionais e economistas - será o mesmo, segundo as fontes.

O presidente do Grupo de Trabalho sobre Dívida Comercial e Finanças e representante de Hong Kong na OMC, Martin Glass, organizou o seminário, cujo primeiro dia servirá para escutar as opiniões de exportadores e importadores sobre o impacto da volatilidade das divisas em seus negócios.

O primeiro dia também dará voz a representantes dos governos, que explicarão o impacto dos juros de câmbios em suas políticas comerciais.

A segunda jornada será a vez das organizações internacionais, com discursos do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial (BM), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e da Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).

O seminário será encerrado por uma reflexão acadêmica por parte de economistas especializados em políticas cambiais e comércio.

As fontes consultadas pela Agência Efe esclareceram que se trata unicamente de uma reunião para entender melhor os aspectos relacionados com este problema e suas implicações, e que há um acordo dos membros para não empreender ações concretas na matéria no marco de seus direitos e suas obrigações dentro da OMC.

Afetado em suas exportações pela valorização do real nos últimos anos, o Brasil quer pressionar nesta direção, mas a convicção no seio da OMC é que não se irá além porque não existe o consenso necessário, acrescentaram as fontes.


No entanto, consideraram que o seminário servirá para 'aliviar um pouco a tensão' que existe em torno deste assunto pelos muitos atores econômicos envolvidos e por seu peso no comércio mundial.

De uma maneira ou de outra, China, Estados Unidos e a União Europeia (UE) mantêm suas moedas desvalorizadas para favorecer suas exportações, o que prejudica principalmente às economias emergentes.

O Brasil é acusado de fazer o mesmo, o que foi contestado na semana passada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmando que o governo não quer intervir no mercado cambial, mas que defenderá as medidas para frear a valorização do real.

'Acreditamos no câmbio flutuante, mas não podemos passar por bobos, enquanto há países implicados em uma manipulação cambial' que acaba prejudicando outros, disse Mantega no Senado.

O Brasil argumenta que há países como a China que mantêm sua taxa de câmbio em baixa há 20 anos e que o problema se agravou com as políticas de expansão monetária aplicadas nos EUA e na Europa para defender-se da crise global.

O governo considera que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) e o Banco Central Europeu 'inundaram o mundo de liquidez' para melhorar sua competitividade pela via cambial. 

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