Economia

Incentivo ao crédito pode reduzir pressão de incorporadoras

Segundo especialistas, medidas anunciadas pelo governo federal podem ajudar a diminuir a pressão sobre os estoques das construtoras e incorporadoras


	Operários trabalham na construção de um condomínio residencial em Campo Limpo, São Paulo
 (Paulo Fridman/Bloomberg)

Operários trabalham na construção de um condomínio residencial em Campo Limpo, São Paulo (Paulo Fridman/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2014 às 18h33.

Rio de Janeiro - As medidas de incentivo ao crédito imobiliário anunciadas pelo governo federal podem ajudar a diminuir a pressão sobre os estoques das construtoras e incorporadoras, que continuam enfrentando pressão sobre margens, com vendas e lançamentos fracos, segundo especialistas do setor.

Para o diretor-executivo da Associação Brasileira das Incorporadoras (Abrainc), Renato Ventura, as medidas terão maior impacto de forma gradual.

"As medidas são bastante positivas e agregam ao setor imobiliário como um todo, a pespectiva é que se ganhe de forma estrutural. Não é um resultado pontual", disse.

Num primeiro momento, o incentivo ao crédito pode trazer algum resultado positivo sobre as vendas nos próximos meses, enquanto a palavra de ordem das companhias é reduzir o estoque, com objetivo de diminuir a pressão sobre margens e gerar caixa, além de voltar a um patamar confortável para lançamentos.

"Agosto e setembro costumam ser muito interessantes para o mercado, mas não estamos vendo uma reação tão grande quanto nos anos anteriores. Estas medidas devem deslocar os meses de transações imobiliárias para outubro e novembro", afirmou o presidente-executivo do portal Zap Imóveis, Eduardo Schaeffer.

As medidas anunciadas na quarta-feira, incluem reduzir o custo dos bancos, facilitar a recuperação do crédito inadimplente, e também a criação de Letras Imobiliárias Garantidas isentas de imposto de renda.

"A gente vê com bons olhos porque o crédito estava secando", disse o presidente-executivo da ponta de estoque de imóveis RealtON, Rogério Santos.

"O mercado ainda deve continuar tímido, devido à insegurança que a entrada de um novo governo gera, com uma leve melhora devido ao aumento do crédito e às promoções que ainda estão acontecendo", acrescentou.

O ambiente do ano não tem sido favorável. Em São Paulo, as vendas de imóveis novos no primeiro semestre caíram 48,3 por cento em relação ao mesmo período de 2013, segundo o Secovi-SP, sindicato da habitação.

Em geral, 70 por cento do volume de negócios do setor imobiliário ocorre no segundo semestre.

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) reduziu a previsão de alta do setor para 2014, diante do baixo crescimento da economia, atrasos em obras de infraestrutura e conclusão de programas habitacionais. A previsão passou a ser de estagnação ou avanço de até 1 por cento, ante projeção anterior de alta de 2,5 por cento.

"Uma desaceleração permanece uma parte visível da narrativa do setor", disseram em nota os analistas do Bradesco BBI, que esperam um impacto maior nas empresas que ainda passam por um processo de recuperação, como é o caso, por exemplo, da Rossi Residencial e PDG Realty.

Após o segundo trimestre marcado por receitas menores e vendas e lançamentos mais lentos, a economia fraca preocupa empresas, como Even, que informou que "está avaliando sua estratégia de lançamentos e terrenos".

Em agosto, várias incorporadoras lançaram promoções mais agressivas do que o usual, para aproveitar o hiato antes da retomada dos lançamentos do segundo semestre.

A PDG lançou uma campanha nacional com foco nas unidades que ficarão prontas até dezembro e em praças em que deve encerrar sua atuação. A imobiliária Lopes fez campanha em São Paulo no começo do mês com descontos de até 34 por cento.

E a RealtON reuniu 10 grandes incorporadoras, como Even, Tecnisa, Gafisa e Rossi, com descontos de até 45 por cento. Segundo Santos, as vendas estão "dentro do esperado".

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