Economia

7 fatos econômicos que marcaram 2012 (e como afetam 2013)

Crescimento mais baixo deve continuar e fim do euro está mais longe, segundo o economista-chefe do Itaú Unibanco

Parede pichada com os dizeres "crise + um feliz ano novo", na Grécia, em 2008 (Milos Bicanski/Getty images)

Parede pichada com os dizeres "crise + um feliz ano novo", na Grécia, em 2008 (Milos Bicanski/Getty images)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de janeiro de 2013 às 05h12.

São Paulo – Ao contrário do que se chegou a imaginar, não ocorreu uma recessão global em 2012, mas um crescimento menor - que deve continuar, segundo o economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn. Em artigo publicado no site do banco, Goldfajn listou algumas mudanças que caracterizaram 2012 e suas implicações para 2013.

“No Brasil, e no mundo, a sensação é, de fato, a de uma transição entre ciclos econômicos mais longos. Típicas dessas transições são as surpresas que nos acompanham”, afirma o artigo. Para o Brasil, além do crescimento decepcionante há um frágil equilíbrio.

1. Crescimento mais baixo

“Observou-se mais do mesmo: nem recessão, nem aceleração, apenas o crescimento baixo consolidando-se”, afirmou o economista-chefe. O mundo completou meia década perdida desde o início da crise do subprime, lembrou Goldfajn, para quem tudo indica que a década continuará perdida por mais alguns anos. “A desalavancagem (redução das dívidas) é um processo lento, que ainda precisa terminar”, afirmou.

2. Fim do Euro 

Outra grande aposta que também acabou não acontecendo em 2012 foi a ruptura na Zona do Euro. Em um momento do ano, a chance de a Grécia deixar o Euro foi estimada em 75% pelo Citi. O risco de ruptura diminuiu, mas a volatilidade não foi abolida, segundo Goldfajn. 

“A melhora no ambiente financeiro, no entanto, pode levar as autoridades dos países a postergar novamente os duros ajustes necessários, e levar a uma volta da desconfiança dos mercados. Ou, inversamente, a persistência nos ajustes pode levar à fadiga e a novos protestos nas ruas. Os problemas na Europa não acabaram, mas o fim do euro está mais longe”, afirma o artigo.

3. Dúvidas sobre o crescimento da China

Em 2012, até o crescimento chinês foi alvo de desconfianças. A parada brusca não ocorreu, no segundo semestre o crescimento estabilizou-se, e até ensejou uma recuperação no final do ano, segundo o economista-chefe, para quem os sinais são de um crescimento menor, mas ainda forte, na China nos próximos anos.


4. Commodities

Em decorrência dos riscos acima listados, o preço das commodities poderia se ajustar de forma prejudicial à América Latina – mas elas resistiram bem aos problemas globais. A expectativa do Itaú é que elas permaneçam nesse patamar relativamente alto.

5. Decepcionante crescimento brasileiro

Apesar de diferentes incentivos, a economia brasileira não vai crescer os 4% que um dia foram almejados para 2012. Não ocorreu a retomada esperada. “O fato é que a taxa de investimento voltou a cair no ano passado, ao invés de subir, condição necessária para o crescimento sustentável”, afirmou Goldfajn.

Desenha-se uma retomada “lenta e decepcionante”, segundo o economista-chefe, com um ritmo de crescimento anualizado de 2,5% no terceiro trimestre e de cerca de 3,0% no quarto. “Entretanto, os riscos são elevados. Os problemas estruturais podem ameaçar o crescimento por mais tempo, a exemplo do baixo crescimento do México na década passada”, disse.

6. Equilíbrio frágil no Brasil

Apesar da desaceleração do PIB, o desemprego apresenta recorde de baixa, e os salários, de alta, o que indica um equilíbrio frágil no Brasil, segundo Goldfajn. A taxa média de desemprego do país de janeiro a novembro de 2012 foi 5,6%, segundo o IBGE.

“A dicotomia entre o crescimento fraco do PIB e a força do mercado de trabalho não pode se perpetuar. Algo terá que mudar”, de acordo com o economista-chefe. Ou seja, ou ocorre uma retomada do PIB, sustentando empregos e salários, ou, o PIB mantém-se fraco e ameaça a força de trabalho e, consequentemente, o consumo e a nova classe média.

7. Manutenção de estímulos no Brasil

A perspectiva de uma retomada “apenas moderada” da economia não permitirá a retirada, em 2013, dos estímulos Selic mais baixa e desvalorização do câmbio, segundo Goldfajn. Em 2012, a taxa básica de juros chegou a sua mínima histórica – e seguiu caindo. Mas a inflação elevada, acima do centro da meta em 2012 mas ainda abaixo do teto, coloca limites à depreciação cambial. 

Acompanhe tudo sobre:BancosCâmbioeconomia-brasileiraEmpresasEmpresas brasileirasEuroItaúMoedasPrevisões para 2013

Mais de Economia

Acelerada pela Nvidia, Google — e agora Amazon —, startup quer inovar no crédito para PMEs

Cigarro mais caro deve pressionar inflação de 2024, informa Ministério da Fazenda

Fazenda eleva projeção de PIB de 2024 para 3,2%; expectativa para inflação também sobe, para 4,25%

Alckmin: empresas já podem solicitar à Receita Federal benefício da depreciação acelerada