Mansueto Almeida, economista do BTG Pactual (Leandro Fonseca/Exame)
Carla Aranha
Publicado em 9 de novembro de 2021 às 11h09.
Última atualização em 9 de novembro de 2021 às 12h18.
Em meio às discussões sobre a votação do segundo turno da PEC dos Precatórios, o mercado volta a debater os efeitos da medida em relação ao ambiente macroeconômico. “A PEC abre a possibilidade para o governo gastar quase 100 bilhões de reais”, disse Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, durante o Fórum EXAME Infraestrutura, Cidades e Investimentos, realizado nesta terça, dia 9. “O grave é que ninguém sabe se vai parar aí”.
O evento, com transmissão online, reúne alguns dos maiores economistas do país e especialistas em infraestrutura com o objetivo de discutir o desenvolvimento do setor em áreas como saneamento, mobilidade, transporte e logística. Entre os principais temas tratados, estão os impactos dos investimentos em infraestrutura e dos avanços tecnológicos em telecomunicações, como o 5G, na economia do país.
Na manhã desta terça, Mansueto salientou a importância da aprovação da PEC para acalmar o mercado no curto prazo. “Sem a PEC, há o risco de se propor um decreto de calamidade, que é um cheque em branco”, afirmou. “A questão é a forma como foi feita a comunicação da medida, que acabou deteriorando as expectativas, pois passou a mensagem de que o país não tem compromisso com a regra fiscal”.
Fernando Honorato Barbosa, economista-chefe e diretor do departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, que também participou do debate "Economia: os impactos nos investimentos em infraestrutura", destacou a importância do teto de gastos para os investimentos setor. “A regra fiscal a principal reforma do país”, disse. “Ela trouxe a taxa de juros para baixo, o que é condição necessária para a atração de capital para o setor de infraestrutura”.
Eventuais mudanças na regra do jogo e incertezas a respeito do ambiente de negócios podem, no entanto, afetar o apetite dos investidores. “As reformas que fizemos, como o marco regulatório do saneamento, e leilões como o do 5G, levam a um desfecho promissor”, avaliou Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander. “Mas precisamos de um bom ambiente de investimentos, com previsibilidade”.
Vescovi ressaltou as taxas de retorno de investimentos em saneamento e outros setores de infraestrutura, que chegam a 12% em alguns projetos. A movimentação do mercado em torno de leilões, como o da quinta geração de telefonia móvel, rodovias e outros modais de transportes, também foi lembrada. “A falta de previsibilidade em relação ao cenário macroeconômico em 2023, após as eleições, pode afetar o apetite por se investir no Brasil”, afirmou.