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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h34.
O governo manteve em agosto um nível de superávit fiscal acumulado no ano idêntico ao acumulado até o mês anterior -- 6,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Isso representa uma economia total de janeiro a agosto de 78,9 bilhões de reais, contra pagamentos de juros da ordem de 105,7 bilhões, equivalentes a 8,4% do PIB.
Em igual período do ano passado, o total poupado foi de 63,7 bilhões, ou 5,6% do PIB, ante juros de 83,8 bilhões, ou 7,4% do PIB.
A ampliação do peso dos juros, de 7,4% para 8,4%, reflete o forte aperto monetário praticado pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central desde setembro de 2004 e encerrado apenas em setembro deste ano. "Mais da metade da dívida pública está vinculada diretamente à Selic", diz Bráulio Borges, economista da consultoria LCA. "E mais de 20% são prefixados, que embutem forte influência da Selic."
Em agosto, a dívida líquida do setor público alcançou 51,7% do PIB (973,7 bilhões de reais), ante 51,5% em julho.
Agosto e 12 meses
O dado isolado para agosto é um resultado primário do setor público consolidado de 10,2 bilhões de reais, contra encargos financeiros de 13,4 bilhões. Para financiar o déficit nominal em agosto, o BC destaca a expansão de 13,8 bilhões da dívida mobiliária em poder do mercado.
O que mais chama a atenção no relatório divulgado nesta segunda-feira (26/9), para Borges, é que pelo quinto mês consecutivo o superávit em 12 meses fica acima de 5% do PIB. "Projetávamos 4,75%, que já está bem acima da meta de 4,25%, mas em função deste último dado reestimamos o resultado de 2005 para 4,9%", diz o analista.
Ainda assim, Borges afirma que já é possível detectar uma aceleração de empenhos de verbas públicas. Os empenhos são as autorizações finais para que ministérios e outros órgãos da administração gastem recursos previstos no orçamento. Por conta da pesada burocracia que domina a máquina pública, estes empenhos não vão se traduzir em gastos efetivos até, pelo menos, o final do ano.