Mourão diz considerar difícil votar reforma tributária este ano
"Na minha visão eu acho complicado porque não há um consenso sobre qual é a melhor reforma", disse o vice-presidente
Reuters
Publicado em 4 de dezembro de 2020 às 12h00.
Última atualização em 4 de dezembro de 2020 às 12h16.
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira que considera muito difícil que a reforma tributária seja aprovada este ano, apesar das promessas iniciais do governo, porque ainda não há um consenso sobre a proposta.
"Na minha visão eu acho complicado (aprovar esse ano) porque não há um consenso sobre qual é a melhor reforma", disse o vice-presidente, um dos maiores defensores no governo da reforma tributária.
Mourão, no entanto, negou que o governo esteja travando a reforma tributária para evitar dar um palanque para uma eventual reeleição do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que desde o início encampou um projeto de reforma que está sendo tocado pela Câmara, independentemente da participação do governo federal.
"Eu não julgo que o governo esteja travando a reforma tributária. O que eu vejo que está acontecendo dentro do Congresso são dois fatores: o número 1 é essa questão da pandemia, em que o Congresso deixou praticamente de se reunir. E sem se reunir temas polêmicos praticamente não avançam", disse o vice-presidente a jornalistas. "Em segundo lugar a disputa pela sucessão nas duas Casas. Ela foi deflagrado e a partir daí é um jogo lá dentro."
Maia diz não ser candidato à reeleição mas, uma vez que o Supremo Tribunal Federal (STF) deve autorizar que ele e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), concorram a mais um mandato, o deputado pode tentar uma nova eleição, o que contraria os planos do governo de Jair Bolsonaro.
O presidente entrou no jogo da disputa eleitoral da Câmara em defesa do aliado Arthur Lira (PP-AL), líder do centrão que tem sido um dos principais nomes de apoio do governo Bolsonaro no Congresso.
Apesar de diversas denúncias de corrupção e de ser investigado por um esquema de "rachadinha" e funcionários fantasmas quando era deputado estadual em Alagoas, o governo continua bancando a aposta em Lira.
Mourão afirmou que não trata de questões de "expressão política" do governo, mas justificou a opção por Lira.
"Vamos colocar o seguinte: a gente tem que ter base dentro do Congresso, tem que ter relacionamento, então, as peças do tabuleiro são essas e nós temos que saber trabalhar com elas", disse.
Mourão também demonstrou ser contrário a liberação pelo STF da reeleição de Maia e Alcolumbre e disse considerar que a Constituição é clara.
"Acho que a Constituição é clara, não pode. Eu acho que teria que mudar a Constituição, mas o Supremo tem, vamos dizer, tem o arbítrio para interpretar da forma que melhor lhe aprouver", afirmou.