Economia

Moedas de emergentes são afetadas por recuperação dos EUA

Em apenas três meses, a rúpia indiana perdeu em torno de 19,5% em relação a seu valor frente ao dólar

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2013 às 16h08.

As moedas de grandes países emergentes estão sofrendo uma grande queda, provocada pela perspectiva de restrição monetária nos Estados Unidos e pela própria desaceleração econômica, como nos casos do Brasil e da Índia.

As desvalorizações são vertiginosas. Em apenas três meses, a rúpia indiana perdeu em torno de 19,5% em relação a seu valor frente ao dólar e caiu nesta quarta-feira a um novo mínimo histórico, de 64,60 unidades por dólar (frente a 64,13 na terça-feira).

O real caiu em proporções similares, até alcançar na segunda-feira os 2,4160 reais por dólar, cruzando pela primeira vez desde 3 de março de 2009 a barreira de 2,4 unidades por dólar. Na terça-feira se valorizou levemente.

Essa recuperação - observadas também divisas como o baht tailandês, a rúpia indonésia ou ringgit malásio - se acelerou nas últimas semanas, à medida que cresciam as especulações sobre o início próximo da redução das medidas de expansão monetária adotadas pelo Federal Reserve norte-americano (Fed, banco central) para reativar a economia da primeira potência mundial.

"Os mercados asiáticos (entre outros) se beneficiaram do dinheiro fácil que as injeções de liquidez do Fed (no sistema financeiro norte-americano) representavam, mas a perspectiva de uma redução dessa liquidez alimenta os temores de uma clara aceleração da fuga de capitais" dos emergentes, explicou Ishaq Siddiqi, analista do corretor da bolsa ETX Capital.

Esta liquidez havia alimentado, no auge da crise financeira mundial, um reforço destas moedas, graças a taxas de rendimento mais elevadas que as das potências ocidentais do G7.

Com sinais cada vez mais fortes de que a recuperação norte-americana ganha velocidade, os investidores estrangeiros repatriam os fundos investidos nas economias emergentes, cujo crescimento mostra sinais da estagnação e buscam colocá-los em ativos vinculados ao crescimento da primeira economia mundial, acrescentou Siddiqui.

A recuperação norte-americana, no entanto, não é a única responsável pela queda das moedas emergentes.


Para Michael Newson, analista da corretora CMC Markets, "a desaceleração do crescimento econômico observado nestas regiões, entre eles na Índia e no Brasil, força os investidores a observar mais de perto os problemas estruturais que estas economias sofrem".

Um diagnóstico confirmado por Wellington Ramos, analista da agência de classificação de risco Austin Rating em São Paulo: "Devido à aversão ao risco, os investidores retiram seus ativos para situá-los em títulos menos rentáveis, mas com rendimentos mais seguros", disse.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) já alertou, no mês passado, sobre o risco crescente de desaceleração em países emergentes como Brasil, Rússia, Índia ou China (que junto com a África do Sul formam o grupo BRICS), cuja força sustentou, nos últimos anos, a atividade econômica mundial, atingida pela recessão na zona do euro.

Vários bancos centrais de países emergentes já adotaram ou estão preparando medidas para frear a desaceleração de suas moedas e conter os riscos inflacionários concomitantes.

O Banco Central do Brasil elevou em julho a taxa de juros anual a 8,5%, de um mínimo histórico de 7,25% vigente até abril.

O Banco Central da Turquia elevou na terça-feira de 7,25% a 7,75% sua taxa interbancária diária, mas na quarta-feira a libra turca chegou a um novo mínimo frente ao dólar e ao euro.

Na Índia, o BC injetou liquidez no sistema bancário na quarta-feira, mas isso também não impediu que a rupia atingisse um novo mínimo.

Nem todos estão descontentes com uma desvalorização das moedas nacionais, que favorece principalmente o setor exportador.

Além disso, os dirigentes políticos "mostram maior tolerância com uma moeda fraca", já que "o peso da dívida em divisas estrangeiras desses países é menor que há dez anos", comentou Neil Shearing, economista da consultoria Capital Economics.

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