Governo é inábil na conversa com Congresso, diz Marcelo Ramos
Presidente da comissão especial da reforma da Previdência também afirmou que 2019 será um ano de PIB baixo e pequena retomada do emprego
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de maio de 2019 às 10h49.
Última atualização em 10 de maio de 2019 às 12h17.
São Paulo - O presidente da Comissão Especial da reforma da Previdência , Marcelo Ramos (PR-AM), disse nesta sexta-feira (10), que, ainda que o texto seja aprovado, 2019 é um ano perdido. Ele afirmou que este será um ano de Produto Interno Bruto (PIB) baixo e pequena retomada do emprego.
Ressaltou, porém, que, sem a reforma, "o futuro é de caos absoluto".
"A reforma não vai resolver todos os nossos problemas. E no dia seguinte à aprovação não vamos viver um mundo de prosperidade", disse Ramos, que participa nesta sexta de evento na Fundação Getulio Vargas (FGV).
Ele frisou que a reforma pede um sacrifício dos brasileiros, maior de que quem tem mais renda. "O País está pedindo a brasileiros que tenham alguma renda que façam sacrifício para que 12 milhões de brasileiros desempregados tenham chance de ter renda no futuro", afirmou.
Previsão
O presidente da Comissão Especial disse ainda que as audiências públicas para discutir a proposta na comissão estão previstas para ocorrer até o fim de junho. "Daí em diante teremos as emendas, os destaques e outras coisas relacionadas ao conteúdo", afirmou o parlamentar, durante o evento na FGV.
Em seguida, Ramos sugeriu que a proposta só deve ir a plenário quando houver 308 favoráveis à reforma para aprovação do texto no plenário da Câmara.
"Aí já não é mais tempo nosso da comissão, é o tempo da política. A comissão terá de coordenar trabalhos com a articulação do governo para garantir 308 votos para votar a matéria no plenário", comentou Ramos.
"Governo é inábil na conversa com Congresso"
Para Ramos, não houve derrota para o Palácio do Planalto na reforma administrativa, mas a confusão feita pelo governo pela derrubada de um item resultou em passos para trás no debate. "Hoje o maior inimigo da reforma é o próprio governo", disse.
Segundo o deputado, a reação do governo à retirada do Coaf do Ministério da Justiça, no texto da reforma administrativa, criou conflitos internos dentro de partidos que têm simpatia pela reforma, além de ruídos com o presidente da Casa, Rodrigo Maia.
"Sabe aqueles jogos de tabuleiro? O governo joga os dados e de vez em quando ele tira 6. Mas quando ele tira 6, ele cai naquela casa: volte 7 casas. Eles sempre conseguem isso", afirmou Ramos.
Resistência
Ele disse que o tamanho do impacto fiscal da proposta será proporcional à resistência dos parlamentares à pressão dos servidores públicos.
"A pressão dos servidores, que praticamente inexistiu na Comissão de Constituição e Justiça, hoje está sendo forte no Congresso", disse o deputado a jornalistas, após participar de evento na Fundação Getulio Vargas (FGV).
Ramos também comentou a questão do abono na reforma e disse que esse será um debate "tenso". No entanto, afirmou que, "se tirar", o impacto fiscal é "muito grande". "Começaria a comprometer", disse.
Para ele, nas condições atuais, há mais chance de o item permanecer na reforma do que ser retirado.
Além disso, o deputado afirmou que não há meio termo para o item da reforma referente ao abono. "Eu não vejo caminho alternativo, e olha que eu gosto de caminhos alternativos", disse.