Economia

Mercado: reação a medidas do BC e vencimento de títulos

A expectativa do mercado financeiro brasileiro para hoje (15/08) gira em torno do vencimento de títulos cambiais da dívida pública, no valor de 2,5 bilhões de dólares e nas mudanças do Banco Central nas aplicações financeiras. Se o BC não conseguir rolar essa dívida -- ou seja, trocar os papéis por títulos de maior prazo […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h29.

A expectativa do mercado financeiro brasileiro para hoje (15/08) gira em torno do vencimento de títulos cambiais da dívida pública, no valor de 2,5 bilhões de dólares e nas mudanças do Banco Central nas aplicações financeiras. Se o BC não conseguir rolar essa dívida -- ou seja, trocar os papéis por títulos de maior prazo --, terá de colocar a mão no bolso.

Após quatro tentativas durante a semana, o BC tentou leiloar os títulos. Na terça-feira foram vendidos 925 milhões em swaps, e na segunda-feira 600 milhões. Ontem, o BC tinha 965 milhões para rolar, mas conseguiu vender 25 milhões. Dos US$ 800 milhões ofertados ontem, apenas US$ 25 milhões foram vendidos pelo Banco Central. Isso contribuiu para que o mercado de câmbio permanecesse pressionado durante os negócios ontem. Hoje, além da ausência desta fonte de pressão, o mercado deve abrir menos pressionado devido às medidas anunciadas ontem à noite pelo Banco Central.

No pregão de ontem, grandes investidores com dinheiro a receber do governo pressionaram o valor do dólar, que fechou em alta de 1,26%. As instituições que têm esses títulos em mãos forçam a alta do dólar -- comprando mais e reduzindo a oferta -- para serem melhor remuneradas quando os títulos vencerem. O valor que os investidores receberão dependerá do valor da Ptax (cotação média compilada pelo BC entre diferentes instituições no fim do dia) de ontem.

A pressão dos credores foi o suficiente para desviar a atenção do anúncio que o BNDES irá liberar cerca de 1 bilhão de dólares para financiar exportações e que o próprio BC vai irrigar os bancos que atuam com esse tipo de crédito --duas medidas que, segundo analistas, alivia um pouco a tensão do mercado de câmbio.

Aplicações

Ainda nesta quinta-feira, o mercado porderá mostrar sua receptividade às novas medidas do governo para as aplicações financeiras. Da outra vez, quando fez a marcação dos fundos, a bolsa e o mercado de câmbio reagiu mal. Com as novas medidas, se espera mais um crédito de confiança para o governo.

As quatro medidas anunciadas pelo Banco Central para reduzir saques nos fundos mútuos visam elevar a liquidez dos fundos mútuos e a redução do prazo médio dos títulos nas carteiras. Essas decisões devem levar ao encurtamento do prazo da dívida pública.

Além disso, o Banco Central anunciou a elevação do depósito compulsório da poupança, visando evitar que o aumento da liquidez dos fundos eleve significativamente a liquidez do mercado. Veja abaixo as medidas do BC:

  • Recompra de títulos públicos - O BC recomprará até 11 bilhões de reais em títulos públicos (prioritariamente em LFTs), gradualmente. Segundo o diretor de política monetária, Luís Fernando Figueiredo, não haverá aumento da liquidez de mercado porque haverá um enxugamento similar com a elevação do recolhimento do depósito compulsório.
  • Marcação a mercado mais flexível Os fundos mútuos não precisarão mais marcar a mercado os títulos públicos indexados à taxa de juros, com prazo de até um ano. Esse anúncio reverte, parcialmente, a decisão anterior do Banco Central de determinar a marcação a mercado de todos os títulos dos fundos.
  • Leilões de troca de títulos com prazo mais longo por papéis mais curtos. O volume da operação não foi anunciado.
  • Elevação de alíquotas do depósito compulsório - O BC elevou o depósito compulsório (depósitos à vista, depósitos a prazo e depósitos de poupança) para compensar a elevação significativa na liquidez de mercado (que viria da elevação de até R$11 bilhões proveniente da recompra de títulos públicos). As alíquotas dos depósitos compulsórios foram elevadas: de 45% para 48% dos depósitos à vista; de 15% para 18% nos depósitos a prazo; e de 20% para 25% nos depósitos de poupança. De acordo com os dados disponíveis de final de julho, os depósitos compulsórios se elevarão em R$ 7,9 bilhões em papel moeda e R$ 4,8 bilhões em títulos públicos, na seguinte distribuição: R$ 1,5 bilhão (papel moeda) nos depósitos à vista; R$ 4,4 bilhões (títulos públicos) nos depósitos a prazo e R$ 6,4 bilhões (papel moeda) e R$ 0,4 bilhão (títulos públicos) nos depósitos em poupança.

    "A relação custo-benefício da medida (do BC) tende a se mostrar favorável, valendo a pena o desgaste da mudança frente ao benefício de contribuir para estabilizar o mercado. Nesse sentido, as medidas são adequadas. Entretanto, ainda seria precipitado vislumbrar uma queda mais clara dos prêmio de risco e câmbio. O motivo não é outro senão o quadro eleitoral ainda muito incerto e sofrendo as consequências das declarações inconsistentes e instabilizadoras de candidatos da oposição", afirma o banco BBV em seu relatório diário.

    Segundo o BBV, a instabilidade atual no mercado financeiro brasileiro, com pressões recentes tanto no risco-país quanto no mercado de câmbio, fizeram com que aumentasse a remessa de divisas para o exterior por meio das contas CC-5 no mês de julho. Foram remetidos US$ 1.249 milhões em julho, contra US$ 605 milhões no mês anterior. No acumulado do ano já foram remetidos, via CC-5, US$ 3.830 milhões, representando aumento de 29% no comparativo com o mesmo período de 2001.

    Indicadores

    Nos Estados Unidos, serão divulgados os índices da produção industrial e da utilização da capacidade instalada da indústria, referentes ao mês de julho.

    A expectativa do mercado é que as taxas fiquem em 0,2% e 76,2%, respectivamente.

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