Economia

Mantega: europeus são lentos e só resolvem o problema na beira do precipício

“2012 é como se fosse 2009, um ano em que as coisas começaram a melhorar no meio do ano”, disse o ministro

Guido Mantega: real vai continuar desvalorizado no Brasil, segundo o ministro (©AFP / Nicholas Kamm)

Guido Mantega: real vai continuar desvalorizado no Brasil, segundo o ministro (©AFP / Nicholas Kamm)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2012 às 16h11.

São Paulo – É preciso ousadia para superar a crise. Essa foi a recomendação do ministro da Fazenda, Guido Mantega. “Não só o governo, mas o setor privado também tem que ser ousado”, disse Mantega em evento realizado hoje, em São Paulo. O ministro disse ainda que acredita que a crise não será solucionada no curto prazo porque “os europeus são lentos e só resolvem o problema na beira do precipício”. 

O ministro manteve sua previsão de crescimento do PIB entre 3,5% e 4% no segundo semestre de 2012, mas não deu a previsão para o ano. “2012 é como se fosse 2009, um ano em que as coisas começaram a melhorar no meio do ano”, disse. 

No mundo, a indústria é o setor mais afetado pela crise, segundo o ministro, para quem o Brasil tem, hoje, condições melhores do que em 2008 para enfrentar o problema. “Há mais reservas, maior solidez fiscal e mais experiência”, disse Mantega, que também destacou o mercado consumidor brasileiro.

Para o ministro, a crise atual se aproxima - em termos de consequência sobre todos os países - àquilo que aconteceu em 2008, mas enquanto naquele época houve stress agudo, agora a complicação se dá ao longo do tempo, mas causando as mesmas consequências.

Câmbio

O real vai continuar desvalorizado no Brasil, de acordo com o Ministro. Mantega afirmou que o Brasil não vai mais fazer papel de bobo – e deixar o real valorizado enquanto outros países desvalorizam suas moedas. “Temos feito uma politica cambial interferindo à medida que se faz necessário”, afirmou Mantega.

Com a mudança no câmbio, o custo Brasil é reduzido, segundo o Ministro. “O produto fica mais barato, a mão de obra e os insumos custam menos em dólar, o que abre a possibilidade para o aumento de exportações. Não hoje, porque hoje não tem mercado”, afirmou. 

CVM do gasto público

Durante a apresentação, Paulo Rabello de Castro, economista e presidente do LIDE Economia, cobrou de Mantega a implantação de um conselho de gestão fiscal. “Não é uma invenção minha, consta da lei, que estamos descumprindo”, afirmou. 


Rabello pediu uma medida provisória para implantar o conselho, que seria uma espécie de “CVM do gasto público”, segundo o economista. “É relevante que tenhamos um conselho de gestão fiscal, que consta na lei de responsabilidade fiscal. Esse artigo não está sendo cumprido”, afirmou. 

Rabello apresentou uma “Proposta para o Avanço Acelerado do País”, que defende quatro realinhamentos: aumento de eficiência no setor público, transformar juros em infraestrutura local, eficiência fiscal e competitiva e socialização da riqueza nacional. 

 “Sabemos que uma parte grande da nossa improdutividade está na ineficiência do setor publico”, disse Rabello. O plano prevê ganhos de 1,3 trilhão de reais em 2022. Mantega brincou chamando o plano de Rabello de “socialismo, socializar os ganhos”.

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