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Mantega: câmbio se estabilizou mas ainda não é o ideal

SÃO PAULO, 5 de março (Reuters) - As medidas tomadas pelo governo para atenuar a valorização excessiva do real, a partir de meados de 2009, foram bem sucedidas, mas a situação ainda não é a ideal, avaliou nesta sexta-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega.   Segundo ele, a competitividade brasileira ainda enfrenta problemas, que […]

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Da Redação

Publicado em 5 de março de 2010 às 15h41.

SÃO PAULO, 5 de março (Reuters) - As medidas tomadas pelo governo para atenuar a valorização excessiva do real, a partir de meados de 2009, foram bem sucedidas, mas a situação ainda não é a ideal, avaliou nesta sexta-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Segundo ele, a competitividade brasileira ainda enfrenta problemas, que devem ser combatidos não só localmente mas também de forma global, já que regimes cambiais como o da China reforçam os desequilíbrios em vários países.

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"Temos hoje uma situação relativamente estabilizada (da taxa de câmbio brasileira), mas não é a ideal, não é o melhor dos mundos... A questão da competitividade não está resolvida, mas não queremos fazer a coisa de qualquer jeito. Não vale tomar qualquer medida que possa perturbar os mercados", disse Mantega durante seminário em São Paulo.

"Estamos olhando a competitividade, temos que reduzir custos financeiros, burocráticos", acrescentou sem dar detalhes.

Mantega também reafirmou que o câmbio flutuante é o melhor regime e criticou países como a China que mantêm a moeda local atrelada ao dólar. "Precisamos de um novo Bretton Woods para ter uma homogeneidade", afirmou o ministro, acrescentando que tem levado o tema do câmbio às reuniões do G20 por considerar melhor uma "solução de conjunto".

Segundo ele, o câmbio flutuante predomina no mundo, mas há atualmente regimes de flutuação "mais sujas do que pau de galinheiro".

Ao fazer uma retrospectiva das ações do governo para conter a "valorização excessiva do real", o ministro avaliou como bem-sucedida a imposição do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre fluxo estrangeiro para bolsa e renda fixa.

"A partir do segundo semestre de 2009, com a situação da crise mundial sob controle, os fluxos de capital começaram a aumentar e o Brasil era o endereço preferido... Resolvemos adotar o IOF e dali em diante a volatilidade diminuiu", disse.

Naquele momento, "o dólar estava em 1,70 real e tendia a ficar abaixo disso. Com o IOF, isso foi estancado e, portanto, eu diria que a medida foi bem sucedida".

O ministro acrescentou que o governo teria outras ações caso o fortalecimento exagerado do real não fosse estancado e, lembrando que a valorização também se dá nos mercados futuros, citou a imposição de limites à exposição cambial ou exigência de aporte de capital maior dependendo do risco assumido pelas instituições financeiras.

Inicialmente, uma parte do mercado interpretou os comentários de que o governo estaria endurecendo o discurso sobre o câmbio. Às 15h10, no entanto, a moeda norte-americana recuava 0,7 por cento, a 1,779 real.

Mantega avaliou também que o Brasil tem todas as condições para aproveitar a riqueza do pré-sal sem cair em uma doença holandesa.

"O pré-sal gera forte industrialização... Um país complexo como o Brasil pode fugir da doença holandesa dependendo de como canalizar essa riqueza", disse o ministro, citando como exemplo de mecanismos bem-sucedidos para lidar com um "boom" de commodities os fundos soberanos da Noruega e do Chile.

O ministro também defendeu a estratégia do governo de Luiz Inácio Lula da Silva de incentivar o crescimento para, então, gerar poupança interna.

"Há uma corrente que fala o contrário, que é preciso ter poupança para ter crescimento sustentável... essa visão não é correta. Nós estimulamos o crescimento em primeiro lugar, com estímulos aos investimentos e empregos, aumento do crédito", afirmou. "O Estado tem que fazer transferência de renda para os mais pobres."

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