Macri diz que Fernández mostrou vontade de tranquilizar mercados
Após conversa por telefone, candidato opositor afirmou que não faz sentido uma reunião com o presidente argentino se eles não vão chegar a um acordo
EFE
Publicado em 14 de agosto de 2019 às 15h57.
O presidente da Argentina, Mauricio Macri , afirmou ter tido recentemente uma conversa telefônica "boa e longa" com o candidato de oposição e vencedor das eleições primárias no último domingo, Alberto Fernández , apontando que o kirchnerista "se comprometeu a colaborar em todo o possível para que este processo eleitoral e a incerteza política que ele gera afetem o menos possível a economia dos argentinos".
"(Fernández) se mostrou com vocação de tentar levar tranquilidade aos mercados a respeito dos riscos de uma eventual alternância no poder e concordamos em manter uma linha aberta direta entre nós dois", escreveu o mandatário em sua conta no Twitter.
O resultado da eleição prévia realizada há três dias mostrou Alberto Fernández, cuja chapa tem a ex-presidente e senadora Cristina Kirchner como vice, com pouco mais de 47% dos votos e Macri, candidato à reeleição, com cerca de 32%. As primárias funcionam como um mecanismo para enxugar o número de candidatos que participa da disputa decisiva. O primeiro turno das eleições na Argentina será em 27 de outubro.
Medidas tardias
Já Fernández disse nesta quarta-feira que as medidas econômicas propostas por Macri chegaram tardiamente e que acredita ser desnecessário se reunir com o chefe de governo.
"Não faz sentido nos reunirmos, porque não vamos nos colocar em acordo. Não quero ser cúmplice das suas decisões. Por que então à Argentina que opção restará se todos pensarmos a mesma coisa? Acho que ele está tomando estas medidas tardiamente", opinou Fernández em declarações à rádio "El Destape".
"Precisou que dois terços votassem contra para que ele se desse conta do que tinha feito na Argentina", criticou Fernández, que admitiu: "foi positivo que o presidente tenha se dado conta que aniquilou a capacidade de consumo dos argentinos e tenta reavivá-la, mas se trata de uma postura adotada por necessidade eleitoral e não por convicção".
Além disso, o vencedor das primárias prometeu que ajudará em tudo que estiver ao seu alcance, mas ressaltou que cabe a Macri governar.
"O que o presidente não entende é que tem que governar, e vou ajudar a governar. Mas tem que governar até o último dia, isso é o que quero. E a verdade é que não faz sentido dialogarmos se ele espera que eu me ponha de acordo com ele porque concebo outro país", afirmou.
(Com Estadão Conteúdo e EFE)