Exame Logo

Loyola avalia que credibilidade do BC 'está em xeque'

Ex-presidente do BC considerou que o corte nos juros foi equivocado

Para Gustavo Loyola o sistema de metas de inflação está "abalado" (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 1 de setembro de 2011 às 12h55.

São Paulo - O ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Loyola afirmou hoje que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de ontem de reduzir o juro básico da economia de 12,50% ao ano para 12% ao ano foi "equivocada" e mostrou certa imprudência do colegiado do BC. "A grande dúvida hoje é saber se o Banco Central tem autonomia na política monetária", comentou, referindo-se a eventual capitulação do Copom a pressões políticas vindas do Palácio do Planalto e do Ministério da Fazenda para que fosse iniciado imediatamente um ciclo de redução da taxa Selic. "A credibilidade do BC está em xeque", afirmou.

Para Loyola, o sistema de metas de inflação puro, que persegue um objetivo central, aparentemente está abalado. "Ninguém sabe mais qual é a meta de inflação, se é 4,5% ou mais", afirmou. "Ela existe apenas no papel."

Segundo ele, a Tendências Consultoria Integrada, da qual é sócio, prevê que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegará a 6,6% este ano e a 5,4% em 2012, mas com a redução inesperada dos juros ele acredita que certamente a taxa subirá. "A inflação pode agora chegar a 6% em 2012", disse.

Para Loyola, o presidente do BC, Alexandre Tombini, seguramente tem uma visão privilegiada sobre o cenário de crise internacional, até porque participou do encontro de presidentes de BCs realizado na semana passada em Jackson Hole, EUA. Contudo, ele ponderou que seria mais adequado que a autoridade monetária brasileira tivesse utilizado mecanismos de comunicação para informar aos agentes econômicos que uma recessão mundial é inevitável no curto prazo e isso gerará efeitos desinflacionários em nível global, que seriam incorporados no Brasil em breve.

"O BC não convenceu. Não há evidências de que o mundo vai entrar em recessão tão rapidamente. Além disso, a inflação está acima da meta e as expectativas para o próximo ano apontam que ela também está distante dos 4,5%", afirmou Loyola.

De acordo com a pesquisa Focus, a mediana das previsões para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2012 estava em 5,3% há um mês e agora está em 5,2%. Segundo Loyola, seria mais oportuno que o BC mantivesse os juros estáveis na reunião encerrada ontem e preparasse o mercado nas próximas seis semanas para eventualmente reduzir a Selic com maior segurança em outubro.

"A decisão do BC foi precipitada. Muita gente poderá, a partir de agora, ficar com a avaliação segundo a qual fatores não objetivos e técnicos, ou forças ocultas, influenciaram a queda dos juros", afirmou.

Veja também

São Paulo - O ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Loyola afirmou hoje que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de ontem de reduzir o juro básico da economia de 12,50% ao ano para 12% ao ano foi "equivocada" e mostrou certa imprudência do colegiado do BC. "A grande dúvida hoje é saber se o Banco Central tem autonomia na política monetária", comentou, referindo-se a eventual capitulação do Copom a pressões políticas vindas do Palácio do Planalto e do Ministério da Fazenda para que fosse iniciado imediatamente um ciclo de redução da taxa Selic. "A credibilidade do BC está em xeque", afirmou.

Para Loyola, o sistema de metas de inflação puro, que persegue um objetivo central, aparentemente está abalado. "Ninguém sabe mais qual é a meta de inflação, se é 4,5% ou mais", afirmou. "Ela existe apenas no papel."

Segundo ele, a Tendências Consultoria Integrada, da qual é sócio, prevê que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegará a 6,6% este ano e a 5,4% em 2012, mas com a redução inesperada dos juros ele acredita que certamente a taxa subirá. "A inflação pode agora chegar a 6% em 2012", disse.

Para Loyola, o presidente do BC, Alexandre Tombini, seguramente tem uma visão privilegiada sobre o cenário de crise internacional, até porque participou do encontro de presidentes de BCs realizado na semana passada em Jackson Hole, EUA. Contudo, ele ponderou que seria mais adequado que a autoridade monetária brasileira tivesse utilizado mecanismos de comunicação para informar aos agentes econômicos que uma recessão mundial é inevitável no curto prazo e isso gerará efeitos desinflacionários em nível global, que seriam incorporados no Brasil em breve.

"O BC não convenceu. Não há evidências de que o mundo vai entrar em recessão tão rapidamente. Além disso, a inflação está acima da meta e as expectativas para o próximo ano apontam que ela também está distante dos 4,5%", afirmou Loyola.

De acordo com a pesquisa Focus, a mediana das previsões para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2012 estava em 5,3% há um mês e agora está em 5,2%. Segundo Loyola, seria mais oportuno que o BC mantivesse os juros estáveis na reunião encerrada ontem e preparasse o mercado nas próximas seis semanas para eventualmente reduzir a Selic com maior segurança em outubro.

"A decisão do BC foi precipitada. Muita gente poderá, a partir de agora, ficar com a avaliação segundo a qual fatores não objetivos e técnicos, ou forças ocultas, influenciaram a queda dos juros", afirmou.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralEconomistasEstatísticasIndicadores econômicosMercado financeiroSelic

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame