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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
"Ainda há espaço para 'comprar o Brasil'", é o que dizem os analistas da corretora Link Investimentos, sobre as perspectivas de crescimento do mercado de ações para 2010. Mesmo quando boa parte do mercado acredita que a precificação do sucesso do Brasil durante a crise já tenha ocorrido – a julgar pela valorização de 78,5% do Ibovespa até o momento, em 2009 -, os analistas afirmam que deve haver continuidade na apreciação, ainda que menor. Segundo estimativas, o índice das ações de maior liquidez da bolsa brasileira deve chegar a 85 mil pontos.
Os argumentos que conduzem a esta conclusão são baseados em fatos macroeconômicos que, de acordo com a corretora, mostram que o país "não está apenas 'na moda' pelo fato de ter atravessado este primeiro ano após o início da crise de forma positiva, mas também porque tem condições de acelerar significativamente o seu ritmo de crescimento nos próximos anos". Para os analistas, de modo geral, o ambiente de recuperação do da economia global será favorecido pela flexibilização de políticas monetárias e fiscais, e pelo esgotamento do ciclo de ajustes e estoques.
Um dos principais propulsores do desenvolvimento econômico e consequente crescimento do mercado nos países emergentes, dentre os quais, o Brasil, deve ser a força da demanda interna e a retomada, mesmo que lenta, da corrente de comércio mundial. Esse ambiente de aquecimento do mercado interno somado a uma esperada elevação do volume de crédito e da renda dos trabalhadores deve propiciar a utilização da capacidade instalada das economias em desenvolvimento.
No país, o cenário benigno de robusto crescimento incorpora os impactos dos processos de flexibilização monetária, dos estímulos fiscais, das melhoras nas condições dos mercados de trabalho e de crédito, além do recuo nas taxas de inflação sobre a renda real dos trabalhadores.
Para o momento favorável, a estimativa da Link é que haja um crescimento de 15% no lucro das empresas brasileiras. Em 2011, esse aumento deve chegar a quase 22%. Tais perspectivas, "em conjunto com um cenário de redução de alavancagem, custo de captação e risco Brasil, favorecem a perspectiva de que existem potenciais riscos de valorização acima de nossas projeções", diz o relatório da corretora. (Continua...)
Um bom ano
Em 2010, um dos setores em que os analistas apostam como potencial de crescimento e valorização é o de alimentos. "Com a expectativa de uma recuperação econômica na maioria dos países, o comércio internacional de carnes deverá voltar a crescer", diz o relatório da Link. As variáveis econômicas no mercado interno devem contribuir para esse movimento, tendo em vista a tendência de aumento do poder de compra das famílias.
As perspectivas positivas para a produção de grãos e os elevados estoques atuais devem manter os preços estáveis, permitindo às empresas a melhora da formação de seus custos e o aumento de suas margens. "E pelo fato de as empresas terem realizado aquisições, possuindo uma posição financeira sólida e vantagens competitivas, elas deverão se beneficiar desse cenário". Por isso, os analistas recomendam a compra de ações como as da Brasil Foods (PRGA3), JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3).
Siderurgia e mineração são outros setores apontados como promissores pela Link em 2010. A retomada do crescimento das economias mundiais deve estimular o retorno da atividade siderúrgica nos países desenvolvidos. A consequência imediata é que a demanda por minério de ferro aumente, favorecendo as empresas brasileiras.
"Para o Brasil, a perspectiva é que a produção de aço volte à plena capacidade, com uma indústria automobilística ainda forte e o começo dos investimentos em obras de infraestrutura para a Copa de 2014, as Olimpíadas de 2016, as demais obras do PAC, e para os investimentos na exploração do pré-sal. Esse aquecimento da demanda deve durar um bom tempo e, dessa forma, em 2010 veremos anúncios de novas capacidades de produção de aço", diz o relatório da Link. Os analistas enxergam grande potencial de valorização nas ações da Vale (VALE5 e VALE3), CSN (CSNA3), e também acreditam em bom desempenho dos papéis de Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4).