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Liderança da OMC representa papel crescente dos emergentes

A escolha de um brasileiro para o cargo também é percebida como uma sinal de esperança quanto à saída do impasse das negociações comerciais da Rodada de Doha

Roberto Azevêdo: representante permanente do Brasil na OMC desde 2008, ele foi o candidato que obteve mais opiniões favoráveis (Fabrice Coffrini/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2013 às 11h44.

Genebra - A escolha do brasileiro Roberto Azevêdo para dirigir a Organização Mundial do Comércio ( OMC ) em Genebra é considerada por analistas um sinal do papel crescente dos países emergentes.

Azevêdo, de 55 anos, representante permanente do Brasil na OMC desde 2008, foi o candidato que obteve mais opiniões favoráveis entre os 159 Estados membros e sua designação foi confirmada oficialmente nesta quarta-feira antes de ser aprovada na próxima semana por uma reunião plenária dos membros da organização. Ele substituirá em 1º de setembro o francês Pascal Lamy, que cumpriu dois mandatos à frente da OMC.

A escolha também é percebida como uma sinal de esperança quanto à saída do impasse das negociações comerciais da Rodada de Doha, paralisadas desde 2001, o que poderia facilitar o desenvolvimento dos países do hemisfério sul.

"Em termos simbólicos e por razões táticas, é uma grande escolha", considera Kevin Gallagher, da Universidade de Boston, especialista em globalização e desenvolvimento.

"Como a OMC funciona na base de um país, um voto, os ocidentais que fizeram esta escolha esperam que uma escolha favorável ao Brasil traga o apoio dos Brics (Brasil, Índia, China e África do Sul) e outros mercados emergentes e em desenvolvimento", considera Gallagher.

O Brasil deve agora assegurar que o "primeiro ponto a ser tratado em uma nova rodada de negociações seja a eliminação de barreiras nos países industrializados, como por exemplo os subsídios agrícolas", acrescenta o especialista americano.

Em recente entrevista à AFP, Azevêdo afirmou que "o sistema de comércio multilateral está enfraquecido por uma paralisia completa nas negociações".


"Trata-se de fazer o sistema responder às realidades do mundo de hoje... o único caminho para fazer isso é promover o comércio e sua liberalização como um componente importante de desenvolvimento de políticas", acrescentou.

"Não vamos fazer isso a menos que desobstruamos o sistema", insistiu, preconizando mais flexibilidade da parte de todos.

Assim como seu principal adversário, o mexicano Herrminio Blanco, ele fez campanha pelo apoio dos países ricos e em desenvolvimento, mas também nos círculos econômicos.

"Nós admiramos sua vasta experiência e íntimo conhecimento das instituições comerciais internacionais e seu funcionamento e os cuidados que teve para chegar a um consenso em Genebra", disse Jake Colvin, vice-presidente do Conselho de Comércio Exterior dos Estados Unidos.

"O próximo chefe da OMC terá de enfrentar dois desafios, nomeadamente a preparação dos membros em vista de conduzir com sucesso a Conferência ministerial de dezembro em Bali, na Indonésia, e para chegar a um consenso sobre uma agenda mais ampla para modernizar as regras do comércio na era da economia digital", declarou Colvin.

"Durante anos, foram os ocidentais que deram o tom à OMC. Agora é a vez dos mercados emergentes de estimular o crescimento", comentou nesta quarta-feira o jornal financeiro suíço Handelszeitung.

Para o Wall Street Journal, Azevêdo "é conhecido por suas habilidades de negociação, mas espera ficar marcado por outras coisas: tirar a OMC de sua insignificância."

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Genebra - A escolha do brasileiro Roberto Azevêdo para dirigir a Organização Mundial do Comércio ( OMC ) em Genebra é considerada por analistas um sinal do papel crescente dos países emergentes.

Azevêdo, de 55 anos, representante permanente do Brasil na OMC desde 2008, foi o candidato que obteve mais opiniões favoráveis entre os 159 Estados membros e sua designação foi confirmada oficialmente nesta quarta-feira antes de ser aprovada na próxima semana por uma reunião plenária dos membros da organização. Ele substituirá em 1º de setembro o francês Pascal Lamy, que cumpriu dois mandatos à frente da OMC.

A escolha também é percebida como uma sinal de esperança quanto à saída do impasse das negociações comerciais da Rodada de Doha, paralisadas desde 2001, o que poderia facilitar o desenvolvimento dos países do hemisfério sul.

"Em termos simbólicos e por razões táticas, é uma grande escolha", considera Kevin Gallagher, da Universidade de Boston, especialista em globalização e desenvolvimento.

"Como a OMC funciona na base de um país, um voto, os ocidentais que fizeram esta escolha esperam que uma escolha favorável ao Brasil traga o apoio dos Brics (Brasil, Índia, China e África do Sul) e outros mercados emergentes e em desenvolvimento", considera Gallagher.

O Brasil deve agora assegurar que o "primeiro ponto a ser tratado em uma nova rodada de negociações seja a eliminação de barreiras nos países industrializados, como por exemplo os subsídios agrícolas", acrescenta o especialista americano.

Em recente entrevista à AFP, Azevêdo afirmou que "o sistema de comércio multilateral está enfraquecido por uma paralisia completa nas negociações".


"Trata-se de fazer o sistema responder às realidades do mundo de hoje... o único caminho para fazer isso é promover o comércio e sua liberalização como um componente importante de desenvolvimento de políticas", acrescentou.

"Não vamos fazer isso a menos que desobstruamos o sistema", insistiu, preconizando mais flexibilidade da parte de todos.

Assim como seu principal adversário, o mexicano Herrminio Blanco, ele fez campanha pelo apoio dos países ricos e em desenvolvimento, mas também nos círculos econômicos.

"Nós admiramos sua vasta experiência e íntimo conhecimento das instituições comerciais internacionais e seu funcionamento e os cuidados que teve para chegar a um consenso em Genebra", disse Jake Colvin, vice-presidente do Conselho de Comércio Exterior dos Estados Unidos.

"O próximo chefe da OMC terá de enfrentar dois desafios, nomeadamente a preparação dos membros em vista de conduzir com sucesso a Conferência ministerial de dezembro em Bali, na Indonésia, e para chegar a um consenso sobre uma agenda mais ampla para modernizar as regras do comércio na era da economia digital", declarou Colvin.

"Durante anos, foram os ocidentais que deram o tom à OMC. Agora é a vez dos mercados emergentes de estimular o crescimento", comentou nesta quarta-feira o jornal financeiro suíço Handelszeitung.

Para o Wall Street Journal, Azevêdo "é conhecido por suas habilidades de negociação, mas espera ficar marcado por outras coisas: tirar a OMC de sua insignificância."

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