Economia

O investimento está crescendo? Entenda os números do PIB

No primeiro trimestre do ano, os investimentos aumentaram 17% em comparação ao mesmo período de 2020 e 4,6% em relação aos três meses anteriores

 (Jonne Roriz/Bloomberg/Getty Images)

(Jonne Roriz/Bloomberg/Getty Images)

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Fabiane Stefano

Publicado em 1 de junho de 2021 às 15h48.

Última atualização em 1 de junho de 2021 às 19h01.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no primeiro trimestre cresceu 1,2% e trouxe números de investimentos com altas expressivas em relação ao ano passado. Em comparação ao último trimestre de 2020, houve aumento de 4,6% e em relação aos primeiros três meses do ano passado, de 17%.

A taxa em comparação ao início do ano passado foi a maior desde o segundo trimestre de 2010. Isso significa que o Brasil está em uma forte crescente de investimentos?

Economistas são cautelosos com previsões para este ano na área, pois explicam que a alta dos números no início deste ano teve impacto significativo da internalização de plataformas de petróleo pelo Repetro (regime aduaneiro especial que facilita a importação de bens destinados à exploração de petróleo).

"Internalizou-se mais plataformas nesse primeiro trimestre, o que fez com que a formação de capital aumentasse", avalia o pesquisador associado da FGV-Ibre e um dos autores do Monitor do PIB-FGV Claudio Considera.

Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, o fato aponta para um número mais modesto de investimento no segundo trimestre. "Alguns resultados surpreenderam, especialmente o investimento. Nesse caso, há o impacto do Repetro nas importações, que é apenas uma manobra contábil de incorporação de plataformas de petróleo e que entram com forte peso tanto na importação quanto no investimento (por conta do componente de absorção de máquinas e equipamentos, que é cerca de 50% do investimento no paı́s)", avalia em relatório.

 

Apesar do impacto do Repetro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que a alta de investimento também contou com influência do aumento na produção interna de bens de capital e no desenvolvimento de softwares e com a alta na construção, o que significa que mesmo sem o regime, o indicador teria saldo positivo, porém menor.

Outro indicador que teve alta foi o de exportações de bens e serviços, com crescimento de 3,7%, enquanto as importações cresceram 11,6% em relação ao quarto trimestre de 2020. A alta das importações, aponta Vale, também teve influência do Repetro.

Segundo o IBGE, nas importações, destacaram-se produtos farmoquímicos para a produção de vacinas contra a covid-19, máquinas e aparelhos elétricos, e produtos de metal. Nas exportações, foram os produtos alimentícios e veículos que puxaram o crescimento.

Com o resultado positivo do trimestre, a atividade econômica voltou ao mesmo patamar do quarto trimestre de 2019, último que passou completo sem os efeitos da pandemia.

O consumo das famílias, no entanto, caiu 0,1% em comparação ao último trimestre de 2020 e 1,7% em relação ao primeiro trimestre. Os principais fatores que impactaram o número, segundo a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE Rebeca Palis foram o aumento da inflação, que pesou principalmente no consumo de alimentos, o mercado de trabalho desaquecido também e a interrupção do pagamento do auxílio emergencial.

 

Atividade de peso

A categoria de serviços, que representa 73% do PIB, teve crescimento de 0,4% no primeiro trimestre. A atividade com a maior alta foi a de transporte, armazenagem e correio, que cresceu 3,6%.

O setor, apontam economistas, será o que deve gerar a maior incerteza quanto ao crescimento da economia nos trimestres seguintes, por conta da pandemia.

"A atividade voltou ao patamar pré-pandemia, mas nos próximos trimestres, não sei se consegue continuar crescendo sem que tenha vacina. O setor de serviços é o principal da economia em termos de atividade e depende de interação social. Então para que a economia e principalmente o setor de serviços cresça é preciso a vacinação em massa", aponta Considera.

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