Economia

Indústria de transformação deve aumentar preços, mostra sondagem

A pressão sobre os preços industriais, registrada no início do ano, irá persistir pelos próximos dois meses. Novos aumentos da indústria de transformação, um dos motivos para o Banco Central não ter baixado os juros em janeiro e fevereiro, são previstos entre abril e junho por 40% dos entrevistados da 151ª Sondagem Conjuntural da Fundação […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h30.

A pressão sobre os preços industriais, registrada no início do ano, irá persistir pelos próximos dois meses. Novos aumentos da indústria de transformação, um dos motivos para o Banco Central não ter baixado os juros em janeiro e fevereiro, são previstos entre abril e junho por 40% dos entrevistados da 151ª Sondagem Conjuntural da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em janeiro, 43% dos empresários fizeram a mesma projeção para o primeiro trimestre do ano.

Ao contrário do que ocorreu em outros períodos de forte pressão nos preços do atacado, como no final de 2002, com a desvalorização do real, e em abril de 1999, quando a Selic estava em 45% ao ano, a previsão de aumentos na indústria de transformação no atual trimestre tem como causa os preços internacionais. A alta de commodities como o petróleo (6,93%), o cobre (23,87%) e o alumínio (8,86%) está afetando diretamente o setor.

Na avaliação do coordenador do Núcleo de Banco de Dados Especiais da FGC, Aloísio Campelo Jr., a pressão sobre os preços da indústria, contudo, não deve manter-se por muito tempo. Alguns setores, como o metalúrgico e o químico que influenciam uma grande cadeia produtiva, mostraram que um menor número de empresas deve encarecer os seus produtos. "E os preços internacionais também não vão subir indefinidamente. Só se houver um aprofundamento da crise no Iraque, o barril do petróleo irá subir mais do que já est", afirmou Campelo.

Apesar da perspectiva de inflação, as companhias mostram-se otimistas com os negócios em abril (só 19% dizem que a situação é ruim) e para os próximos seis meses (57% dizem que vai melhorar). Outros resultados da pesquisa indicam que haverá uma retomada do crescimento econômico no trimestre. Quando perguntados sobre os estoques, os empresários mostram que a indústria está com um dos níveis mais baixos desde 1995 e que, portanto, precisariam acelerar a produção. Quando a pergunta é emprego, as previsões são ainda melhores: o aumento real (saldo entre os que vão contratar e os que vão demitir) no número de postos de trabalho é indicado por 24% dos entrevistados, o melhor resultado desde outubro de 1986, época em que o Plano Cruzado ainda era considerado promissor.

De acordo com Campelo, todo otimismo se deve principalmente às projeções da demanda externa (57% dos entrevistados apostam em um aumento) e ao crescimento da economia mundial. Contribuem para essa esperança no mercado internacional o aumento da competitividade das empresas, a valorização das commodities agrícolas e industriais, especialmente a soja e o minério de ferro, e a manutenção da taxa de câmbio.

Apesar de o percentual de empresários que consideram fraca a demanda interna ser o menor dos últimos três anos, o mercado doméstico ainda não causa nenhum sinal de euforia. Pelo contrário, afirma o coordenador na FGV. "Se a economia brasileira dependesse exclusivamente da demanda interna, o Brasil já estaria vivendo uma recessão."

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