Economia

Inadimplência limita redução dos juros do cartão e do cheque

A opinião é de um especialista ouvido pela Agência Brasil


	Cartões: os bancos Caixa e BB anunciaram redução de taxas de juros de cartões de crédito na sexta-feira, enquanto a presidente Dilma reclamou dos juros dos cartões no Brasil
 (Spencer Platt/Getty Images/AFP)

Cartões: os bancos Caixa e BB anunciaram redução de taxas de juros de cartões de crédito na sexta-feira, enquanto a presidente Dilma reclamou dos juros dos cartões no Brasil (Spencer Platt/Getty Images/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2012 às 13h55.

Brasília - A concorrência entre as instituições financeiras pode ajudar a reduzir as taxas de juros do cartão de crédito, na avaliação do professor da Universidade de Brasília (UnB) Newton Marques.

Para o especialista em finanças pessoais, a ação dos bancos públicos pode estimular a concorrência. “Não tem como estimar por quanto tempo os bancos públicos vão aguentar [manter a estratégia de redução de juros], mas com certeza, mexe com o mercado”, diz Marques.

A Caixa e Banco do Brasil anunciaram redução de taxas de juros de cartões de crédito na sexta-feira (6). Nesse mesmo dia, a presidente Dilma Rousseff reclamou dos juros dos cartões no Brasil, em pronunciamento pelo rádio e pela televisão.

Estamos conseguindo, por exemplo, uma marcha inédita de redução constante e vigorosa dos juros, que fez a Selic baixar para cerca de 2% ao ano em termos reais e fez a taxa de juros em longo prazo cair para menos de 1% ao ano, também em termos reais, disse a presidente.

Mas ela reclamou do juros dos cartões. “Isso me alegra, mas confesso que ainda não estou satisfeita. Porque os bancos, as financeiras e de forma muito especial os cartões de crédito podem reduzir ainda mais as taxas cobradas ao consumidor final, diminuindo a níveis civilizados seus ganhos”, disse a presidente.

O professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap) Marcos Crivelaro alerta que, mesmo com taxas menores, compras não devem ser feitas por impulso, mas planejadas. “Quanto mais barato, mais as pessoas vão usar. Mas não se pode acumular dívidas”, diz o professor, que também é especialista em matemática financeira e consultor em finanças.

Crivelaro calcula que o ideal é não ultrapassar o limite de 30% da renda familiar comprometida com parcelas de financiamento. Ele orienta também a evitar o crédito rotativo. “Como é um crédito automático, as pessoas não fazem as contas”, destaca.

Em julho, pesquisa da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (ProTeste) mostrou que o juros cobrados no cartão de crédito no Brasil são os maiores da América Latina.

Por ano, o brasileiro, que efetua parte do pagamento da fatura, paga uma taxa média de 323,14%, quase seis vezes maior em comparação ao segundo colocado da lista - no caso o Peru, onde a taxa média anual é 55%.

Marques avalia que as taxas de juros de cartão de crédito no país são altas devido à inadimplência. “O banco não tem garantia de que vai receber e aí cobra juros altos. As taxas de cartão de crédito, cheque especial e de agiotas são o fim da linha. É a dívida do desespero”, acrescenta o professor. De acordo com dado do BC, em julho, a taxa de inadimplência, considerados os atrasos superiores a 90 dias, do cartão de crédito para pessoas físicas chegou a 28,1%.

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