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Impacto de ajuste do Fed em decisões do BC pode ser limitado

Recessão no Brasil e ajustes cambial e monetário devem limitar os impactos do iminente aperto monetário nos Estados Unidos na trajetória da taxa Selic

Federal Reserve: recessão no Brasil e ajustes cambial e monetário devem limitar os impactos do iminente aperto monetário dos EUA na Selic (Mandel Ngan/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2015 às 11h08.

São Paulo - A recessão no Brasil e os ajustes cambial e monetário devem limitar os impactos do iminente aperto monetário nos Estados Unidos na trajetória da taxa Selic no Brasil, na avaliação de analistas ouvidos pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

No último ano, enquanto os mercados em todo o planeta estiveram em compasso de espera em relação ao momento em que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) daria início ao seu aperto monetário, a economia brasileira entrou em recessão, o real teve uma forte desvalorização e o Banco Central aumentou os juros em uma tentativa de debelar a inflação.

Agora que o BC norte-americano sinalizou, conforme a ata da sua última reunião de política monetária, que as condições para elevação das taxas de juros "podem muito bem ser cumpridas em dezembro", há quase um consenso de que as reações aqui no Brasil já estejam precificadas.

"É possível que haja uma correção pontual de mercado, mas o impacto maior já ocorreu", avalia o economista da 4E Consultoria Bruno Lavieri.

Adriano Gomes, professor de finanças da ESPM e sócio da Méthode Consultoria, também acredita que o aumento dos juros nos Estados Unidos já foi ponderado pelos investidores domésticos. "O problema real que a gente enfrenta hoje vem da nossa irresponsabilidade fiscal, não do temor das movimentações do Fed", afirmou.

A crise econômica também foi apontada em relatório do Bank of America Merrill Lynch como um dos motivos que podem conter a necessidade de novos ajustes nos juros brasileiros. "Esperamos que os riscos inflacionários vindos da depreciação do real sejam balanceados pela recessão econômica, fazendo com que o Banco Central mantenha a taxa de juros inalterada até meados de 2016", diz relatório do banco publicado no dia 20. "O foco agora está nas expectativas de inflação e dados fiscais." Para o banco, a Selic deve chegar ao nível de 12,75% ao ano no final de 2016.

Nesta semana, o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano, na última decisão do colegiado em 2015. A surpresa, no entanto, veio com a divisão do placar, com seis votos pela estabilidade e dois pela elevação. Com a piora da situação econômica e política do País, dois dos oito membros do colegiado gostariam de ver a Selic elevada já, para 14,75% ao ano.

O Relatório de Mercado Focus, do Banco Central, desta semana também mostra que as projeções do mercado financeiro indicam para uma perspectiva de redução da Selic em 2016. O documento mostra que a taxa deve encerrar o próximo ano a 13,75%.

Lavieri e Gomes também veem espaço para redução dos juros no decorrer de 2016, ainda que a um ritmo maior do que o sinalizado na Focus.

O economista da 4E diz que, embora a possibilidade seja pequena, os juros no Brasil poderiam diminuir durante o ano que vem caso o Banco Central olhe mais para a atividade do que para a inflação. "Embora seja um momento muito difícil para pensar em correção de rumo, pode haver um recuo da Selic em 0,25 ponto porcentual em julho de 2016 e mais três baixas de 0,50 ponto porcentual cada até o final do ano", diz Lavieri. "Mas isso só deve ocorrer se o BC conseguir convencer os agentes econômicos que a inflação vai convergir para a meta em 2017."

Já Gomes acredita que, à medida que o nível da inflação para o ano que vem seja reduzido, a oportunidade para o BC reduzir juros se abre. "Do ponto de vista dos juros reais e diante do cenário recessivo da economia, podemos ver a Selic diminuir", afirmou.

O professor aposta na redução da taxa em 1,5 ponto porcentual até o final de 2016, mas pondera que para isso ocorrer é necessário implementar o ajuste fiscal integralmente. "Temos de fazer nossa lição de casa e enfrentar o problema real do fiscal para termos espaço para reduzir os juros", diz.

Gradualismo

O tom gradualista sinalizado pelo Fed também foi apontado por Gomes como um dos motivos para não haver "pânico" com o aumento dos juros nos Estados Unidos.

Desde setembro, a presidente da instituição, Janet Yellen, e ao menos outros três dirigentes com poder de voto disseram que a trajetória de alta dos juros nos Estados Unidos pode ser lenta e mais hesitante do que em episódios anteriores de aperto monetário.

"Os dirigentes do Fed já disseram que vai haver um aumento discreto da taxa, o que também causou a precificação do movimento", avalia.

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Agora que o BC norte-americano sinalizou, conforme a ata da sua última reunião de política monetária, que as condições para elevação das taxas de juros "podem muito bem ser cumpridas em dezembro", há quase um consenso de que as reações aqui no Brasil já estejam precificadas.

"É possível que haja uma correção pontual de mercado, mas o impacto maior já ocorreu", avalia o economista da 4E Consultoria Bruno Lavieri.

Adriano Gomes, professor de finanças da ESPM e sócio da Méthode Consultoria, também acredita que o aumento dos juros nos Estados Unidos já foi ponderado pelos investidores domésticos. "O problema real que a gente enfrenta hoje vem da nossa irresponsabilidade fiscal, não do temor das movimentações do Fed", afirmou.

A crise econômica também foi apontada em relatório do Bank of America Merrill Lynch como um dos motivos que podem conter a necessidade de novos ajustes nos juros brasileiros. "Esperamos que os riscos inflacionários vindos da depreciação do real sejam balanceados pela recessão econômica, fazendo com que o Banco Central mantenha a taxa de juros inalterada até meados de 2016", diz relatório do banco publicado no dia 20. "O foco agora está nas expectativas de inflação e dados fiscais." Para o banco, a Selic deve chegar ao nível de 12,75% ao ano no final de 2016.

Nesta semana, o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano, na última decisão do colegiado em 2015. A surpresa, no entanto, veio com a divisão do placar, com seis votos pela estabilidade e dois pela elevação. Com a piora da situação econômica e política do País, dois dos oito membros do colegiado gostariam de ver a Selic elevada já, para 14,75% ao ano.

O Relatório de Mercado Focus, do Banco Central, desta semana também mostra que as projeções do mercado financeiro indicam para uma perspectiva de redução da Selic em 2016. O documento mostra que a taxa deve encerrar o próximo ano a 13,75%.

Lavieri e Gomes também veem espaço para redução dos juros no decorrer de 2016, ainda que a um ritmo maior do que o sinalizado na Focus.

O economista da 4E diz que, embora a possibilidade seja pequena, os juros no Brasil poderiam diminuir durante o ano que vem caso o Banco Central olhe mais para a atividade do que para a inflação. "Embora seja um momento muito difícil para pensar em correção de rumo, pode haver um recuo da Selic em 0,25 ponto porcentual em julho de 2016 e mais três baixas de 0,50 ponto porcentual cada até o final do ano", diz Lavieri. "Mas isso só deve ocorrer se o BC conseguir convencer os agentes econômicos que a inflação vai convergir para a meta em 2017."

Já Gomes acredita que, à medida que o nível da inflação para o ano que vem seja reduzido, a oportunidade para o BC reduzir juros se abre. "Do ponto de vista dos juros reais e diante do cenário recessivo da economia, podemos ver a Selic diminuir", afirmou.

O professor aposta na redução da taxa em 1,5 ponto porcentual até o final de 2016, mas pondera que para isso ocorrer é necessário implementar o ajuste fiscal integralmente. "Temos de fazer nossa lição de casa e enfrentar o problema real do fiscal para termos espaço para reduzir os juros", diz.

Gradualismo

O tom gradualista sinalizado pelo Fed também foi apontado por Gomes como um dos motivos para não haver "pânico" com o aumento dos juros nos Estados Unidos.

Desde setembro, a presidente da instituição, Janet Yellen, e ao menos outros três dirigentes com poder de voto disseram que a trajetória de alta dos juros nos Estados Unidos pode ser lenta e mais hesitante do que em episódios anteriores de aperto monetário.

"Os dirigentes do Fed já disseram que vai haver um aumento discreto da taxa, o que também causou a precificação do movimento", avalia.

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