Economia

Imigração é a saída para a crise americana, afirma Thomas L.Friedman

Imigrantes elevariam o nível de poupança dos Estados Unidos, criariam novas empresas e impulsionariam a inovação, segundo o colunista do New York Times

Norte-americanos fazem compras no "Black Friday", ínicio do consumo para o Natal (Chris Hondros/Getty Images)

Norte-americanos fazem compras no "Black Friday", ínicio do consumo para o Natal (Chris Hondros/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de dezembro de 2010 às 09h37.

Enquanto o mercado ainda se refaz da frustração causada pela escassez de detalhes dos planos de socorro aos bancos americanos, apresentado nesta terça-feira (10/2) pelo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, os especialistas buscam as lacunas dos pacotes. A maioria das críticas converge para a insuficiência das medidas, a dificuldade de precificar os ativos podres em poder dos bancos, e a repetição de fórmulas já propostas pelo governo Bush. Uma das avaliações mais originais, até o momento, é a de Thomas L.Friedman, o badalado colunista do jornal New York Times e autor do best seller "O Mundo é Plano". Para Friedman, a solução para a crise americana é abrir ao máximo o país para os imigrantes.

Em um artigo publicado nesta quarta-feira (11/2) no NYT, cujo título é "The Open-Door Bailout" (algo como O pacote das portas abertas, em uma tradução livre), Friedman afirma que o que transformou os Estados Unidos no país mais rico do mundo foi uma fórmula simples. "Não foi o protecionismo, ou os bancos públicos, ou o medo do livre comércio. Não. A fórmula foi muito simples: criar uma economia realmente aberta, realmente flexível, tolerante, cuja destruição criativa permite que o capital morto seja rapidamente reempregado em melhores idéias e companhias, plena dos mais diversos, inteligentes e enérgicos imigrantes de todas as partes do mundo".

Friedman critica a aprovação no início de fevereiro, pelo Senado, de uma medida que proíbe que instituições financeiras que recebam ajuda pública contratem estrangeiros para cargos de alta qualificação ou mesmo empregos temporários. Segundo Friedman, isso é um "mau sinal". "Em uma era na qual atrair o primeiro time intelectual de todo o mundo é a vantagem competitiva mais importante que se pode ter na economia do conhecimento, por que impomos barreiras a esse poder intelectual? Isso se chama ´Velha Europa`. Isso pode ser soletrado como E-S-T-U-P-I-D-E-Z".

O autor relata conversas que teve, nesta semana, com empresários e intelectuais da Índia. Um membro do conselho da Infosys, uma das gigantes de tecnologia do país, por exemplo, lhe disse que proibir a entrada de indianos nos Estados Unidos será "a melhor coisa para a Índia, e a pior para os americanos, porque os indianos serão forçados a inovar em seu próprio país".

Friedman critica a política protecionista americana, ao afirmar que a imposição de barreiras foi a responsável por transformar a Grande Depressão dos anos 30 em "grande". "Vivemos em uma era tecnológica, na qual cada estudo mostra que quanto mais conhecimento um trabalhador possui, mais rápido sua renda cresce. Portanto, o centro do nosso estímulo, o princípio norteador deveria ser estimular tudo que possa nos tornar mais inteligentes, e atrair o máximo de pessoas capacitadas para nossas terras. Esse é o melhor modo de criar bons empregos", escreve Friedman.

O autor cita um estudo de Vivek Wadhwa, um pesquisador sênior da Harvard Law School. A pesquisa mostra que, na última década, os imigrantes responderam pela fundação de metade das empresas do Vale do Silício - o pólo de tecnologia mais famoso dos Estados Unidos. Em 2005, as companhias criadas pelos imigrantes respondiam por 450.000 funcionários e faturaram cerca de 52 bilhões de dólares.

Segundo Friedman, criar condições para a fundação de novas empresas é tão importante quanto resolver os problemas financeiros e de desemprego criados pela crise. "Adoraria ver o pacote de estímulo incluir um fundo público de capital de risco, com o objetivo de financiar todos os start-up que não deslancham atualmente pela falta de liquidez dos meios tradicionais de crédito", escreve.

"Precisamos atacar a crise financeira com Green cards e não apenas com papel-moeda, com novas empresas e não apenas com pacotes de ajuda. Uma Detroit é suficiente", afirma Friedman.

 

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