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Ilan esfria apostas em corte iminente de juros

O mercado financeiro pisou no freio nas apostas mais otimistas sobre a retomada dos cortes de juros

Ilan Goldfajn: analistas questionam se Ilan Goldfajn terá uma inclinação maior do que a atual diretoria do BC para cortar a taxa Selic (Marie Hippenmeyer/Itaú Unibanco)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2016 às 21h30.

O mercado financeiro pisou no freio nas apostas mais otimistas sobre a retomada dos cortes de juros . Até a semana passada, as projeções do mercado futuro apontavam redução já em julho.

Agora, agosto passou a ser o mês mais provável para o início do ciclo.

Analistas questionam se Ilan Goldfajn terá uma inclinação maior do que a atual diretoria do BC para cortar a taxa Selic. A alta dos juros futuros nos últimos dias coincidiu com o anúncio de Ilan como substituto de Alexandre Tombini, feito na terça-feira pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Também recentemente, contudo, surgiram outros fatores que impactaram o mercado, como números mais salgados da inflação, as notícias apontando para um déficit fiscal ainda maior do que o inicialmente previsto em 2016 e a pressão sobre o dólar causada pelas expectativas de alta dos juros americanos.

“O BC não reduziria os juros na reunião de estreia da nova diretoria”, diz Sergio Goldenstein, sócio da Flag Asset e ex-chefe da mesa de open market do BC. Ele alterou sua expectativa de corte de juro de julho para agosto e prevê três quedas de 0,50 ponto percentual até o final do ano e continuidade de corte em 2017, até a Selic chegar a 9,75%.

O BC vai querer uma ancoragem mais forte das expectativas de inflação para o ano que vem e deve esperar as primeiras medidas fiscais do novo governo, diz Goldenstein. Até porque, algumas medidas para reduzir o déficit fiscal podem ter impacto inflacionário, diz o executivo.

A inflação corrente e as expectativas de inflação não estão bem, destaca Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos. “Pelo próprio modelo do BC, a inflação para 2017 não deve estar ancorada nos 4,5%.” Ela disse que era contra a precificação, vista até a semana passada, de corte da Selic em julho, que aconteceu muito por uma “visão errada” de que o corte de juros ajudaria no ajuste fiscal. “Os juros mais baixos virão se o problema fiscal começar a ser resolvido. É consequência.”

A possibilidade de um déficit fiscal maior este ano não mina a credibilidade da nova equipe, diz Solange. “A situação fiscal já é muito ruim e exige uma política fiscal apertada. O efeito nos juros dependerá de como impactará a inflação e as expectativas para os próximos anos.” Se o déficit chegar a R$ 200 bilhões, como tem sido noticiado, sem incluir as perdas da Eletrobras, “será um rombo enorme”, diz a economista.

A possibilidade de o Fed nos Estados Unidos subir os juros antes do inicialmente previsto também afeta as expectativas para as taxas brasileiras, diz Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset Wealth Management. “Dólar mais alto é igual a inflação”, diz o diretor. Para ele, Ilan, após assumir o BC, poderá não ser tão favorável ao corte dos juros quanto parecia ser com base nos relatórios que assinava como economista do Itaú. “O mercado acredita que ele não será tão dovish quanto era no Itaú.”

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O mercado financeiro pisou no freio nas apostas mais otimistas sobre a retomada dos cortes de juros . Até a semana passada, as projeções do mercado futuro apontavam redução já em julho.

Agora, agosto passou a ser o mês mais provável para o início do ciclo.

Analistas questionam se Ilan Goldfajn terá uma inclinação maior do que a atual diretoria do BC para cortar a taxa Selic. A alta dos juros futuros nos últimos dias coincidiu com o anúncio de Ilan como substituto de Alexandre Tombini, feito na terça-feira pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Também recentemente, contudo, surgiram outros fatores que impactaram o mercado, como números mais salgados da inflação, as notícias apontando para um déficit fiscal ainda maior do que o inicialmente previsto em 2016 e a pressão sobre o dólar causada pelas expectativas de alta dos juros americanos.

“O BC não reduziria os juros na reunião de estreia da nova diretoria”, diz Sergio Goldenstein, sócio da Flag Asset e ex-chefe da mesa de open market do BC. Ele alterou sua expectativa de corte de juro de julho para agosto e prevê três quedas de 0,50 ponto percentual até o final do ano e continuidade de corte em 2017, até a Selic chegar a 9,75%.

O BC vai querer uma ancoragem mais forte das expectativas de inflação para o ano que vem e deve esperar as primeiras medidas fiscais do novo governo, diz Goldenstein. Até porque, algumas medidas para reduzir o déficit fiscal podem ter impacto inflacionário, diz o executivo.

A inflação corrente e as expectativas de inflação não estão bem, destaca Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos. “Pelo próprio modelo do BC, a inflação para 2017 não deve estar ancorada nos 4,5%.” Ela disse que era contra a precificação, vista até a semana passada, de corte da Selic em julho, que aconteceu muito por uma “visão errada” de que o corte de juros ajudaria no ajuste fiscal. “Os juros mais baixos virão se o problema fiscal começar a ser resolvido. É consequência.”

A possibilidade de um déficit fiscal maior este ano não mina a credibilidade da nova equipe, diz Solange. “A situação fiscal já é muito ruim e exige uma política fiscal apertada. O efeito nos juros dependerá de como impactará a inflação e as expectativas para os próximos anos.” Se o déficit chegar a R$ 200 bilhões, como tem sido noticiado, sem incluir as perdas da Eletrobras, “será um rombo enorme”, diz a economista.

A possibilidade de o Fed nos Estados Unidos subir os juros antes do inicialmente previsto também afeta as expectativas para as taxas brasileiras, diz Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset Wealth Management. “Dólar mais alto é igual a inflação”, diz o diretor. Para ele, Ilan, após assumir o BC, poderá não ser tão favorável ao corte dos juros quanto parecia ser com base nos relatórios que assinava como economista do Itaú. “O mercado acredita que ele não será tão dovish quanto era no Itaú.”

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