Economia

Haddad: Considerei o comunicado do Copom muito preocupante

Haddad afirmou que as reiteradas críticas que tem feito ao Banco Central e as decisões do Copom não geram ruídos porque são feitas de "boa-fé"

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou hoje (19) o nome de Anelize Lenzi para chefiar a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) a partir de 2023 (José Cruz/Agência Brasil)

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou hoje (19) o nome de Anelize Lenzi para chefiar a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) a partir de 2023 (José Cruz/Agência Brasil)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 23 de março de 2023 às 01h48.

Última atualização em 23 de março de 2023 às 12h34.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou há pouco que o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgado nesta quarta-feira, 22, é "muito preocupante".

Segundo ele, o governo divulgou hoje, por meio do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do primeiro bimestre, que as projeções para as contas públicas estão melhorando.

"Eu considerei o comunicado do Copom preocupante. Muito preocupante, porque hoje nós divulgamos o Relatório Bimestral da Lei de Responsabilidade Fiscal, mostrando que as nossas projeções de janeiro estão se confirmando sobre as contas públicas, e o comunicado deixa em aberto, no momento em que a economia está retraindo e que o crédito está com problema, sobretudo empresas e famílias. O Copom chega a sinalizar até a possibilidade de uma subida da taxa de juros, que já é hoje a mais alta do mundo", disse.

O necessário para o equilíbrio da economia brasileira

Segundo Haddad, a depender das futuras decisões do Banco Central (BC), o resultado fiscal pode ser comprometido. O ministro ainda sinalizou que espera que a ata do Copom atenue o tom do comunicado.

"Obviamente, nós sempre vamos fazer chegar ao Banco Central as nossas observações, como aconteceu no primeiro comunicado da reunião de fevereiro. O primeiro comunicado também veio muito duro. A ata atenuou. Em alguns dias depois a ata veio diferente, uma pouco atenuada. Tomara que isso aconteça de novo. Nós esperamos que isso aconteça de novo, mas nós vamos fazer chegar ao Banco Central a nossa análise do que é mais recomendável para a economia brasileira encontrar o equilíbrio, de trajetória da dívida, da inflação, das contas públicas, do atendimento às demandas sociais", disse.

Críticas como sinal de boa-fé

Haddad afirmou que as reiteradas críticas que tem feito ao Banco Central (BC) e as decisões do Copom de manter os juros em 13,75% ao ano não geram ruídos porque são feitas de "boa-fé". Ele disse desejar que as suas opiniões sejam consideradas pelos diretores da autoridade monetária.

"Na verdade, não existe ruído quando existe boa-fé. Eu estou aqui de boa-fé emitindo uma opinião que, eu penso, que deve ser considerada pela política monetária, de uma pessoa que ocupa o Ministério da Fazenda. Eu falo em harmonia desde a primeira entrevista que eu dei em dezembro. Em harmonizar as políticas monetária e fiscal. E eu vou continuar preservando com esse objetivo. Nunca faltei com respeito com diretor, com funcionário, com presidente do BC. Não é esse o objetivo. O objetivo é que o diálogo seja franco e nós possamos construir saídas conjuntas para os anseios da população. Que é ter crescimento com inflação baixa", declarou.

Segundo Haddad, o Ministério da Fazenda está construindo um diálogo com o Congresso, com o Supremo Tribunal Federal (STF) e com outros órgãos para que o Brasil volte a crescer e gerar empregos.

"Eu tenho aqui uma missão que não é simples, tem uma institucionalidade que precisa ser respeitada, isso é o Ministério da Fazenda. Aqui nós construímos o dialogo com o Congresso, com o STF, com as outras instituições e tenho de zelar para que isso aconteça da melhor maneira possível. Vamos fazer chegar ao Congresso e ao BC as nossas observações sobre a condução da política econômica. Eu, ainda que reconheça que o apontamento do Copom de que a Fazenda está cumprindo o calendário estabelecido em janeiro de recomposição fiscal do Estado brasileiro, mas realmente, no conjunto o comunicado preocupa um pouco", disse.

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