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Guerra comercial aumenta percepção de risco, diz Tesouro Nacional

Coordenador-geral de Operações da Dívida Pública disse que o risco de recessão global também contribuiu para elevar juros cobrados nos leilões de títulos

Guerras comerciais: embates influenciam na percepção de risco no Brasil, segundo o Tesouro Nacional (MikeMareen/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de setembro de 2019 às 19h07.

O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Luís Felipe Vital, disse que a guerra comercial entre Estados Unidos e China e o risco de recessão global aumentaram a percepção de risco em agosto e contribuíram para elevar os juros cobrados nos leilões de papéis do Tesouro Nacional no fim do mês passado. "Encerramos agosto com pequena alta nos juros domésticos", afirmou.

Ele ressaltou que mais de 50% das emissões feitas em agosto foram de papéis prefixados, considerados mais previsíveis para a gestão da dívida. A exemplo de agosto, os próximos meses deverão ser de emissões líquidas dos papéis públicos, com exceção de outubro, quando é esperado um resgate líquido. "Terminaremos o ano com pelo menos 100% de rolagem da dívida, conforme previsto no Plano Anual de Financiamento (PAF)", completou.

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A alta do dólar em agosto impactou a composição e o estoque da dívida pública federal no mês de agosto. Segundo Vital, a variação de quase 10% na moeda norte-americana contribuiu para aumentar a parcela de títulos atrelados à taxa de câmbio, cuja participação na dívida passou de 3,85% para 4,15%.

O impacto foi ainda maior na Dívida Pública Federal Externa (DPFe), que teve um aumento de 9,55% no estoque no mês passado.

Em agosto, houve recuo ainda na participação de investidores estrangeiros, que reduziram a fatia de 12,31% para 12,14%. "O fluxo de estrangeiro foi positivo no primeiro semestre, mas os números flutuam. O avanço de estrangeiros deve ser mais consistente quando houver reformas", completou Vital.

Depois de subirem no fim de agosto, as taxas nos leilões do Tesouro Nacional voltaram a cair em setembro, acompanhando os juros em queda. "Tivemos queda nas taxas de juros em setembro, com mercado reprecificando ativos", afirmou Vital.

Apesar dos cortes na Selic promovidos pelo Banco Central, ele disse que o Tesouro não tem nenhuma mudança de estratégia prevista nem espera modificações nos parâmetros do Plano Anual de Financiamento (PAF). "Não vemos motivo para isso", completou.

Em outubro, o vencimento de R$ 100 bilhões de papéis poderá levar a um mês de resgates líquidos, mas a expectativa do órgão é encerrar o ano com pelo menos 100% de rolagem da dívida.

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