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Grécia pode recorrer a moeda provisória

O Estado grego poderia recorrer à medida se o Banco Central Europeu (BCE) deixar de fornecer euros ao país e caso os cofres dos bancos fiquem vazios

O ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, que pediu demissão após o resultado do plebiscito (Louisa Gouliamaki/AFP)
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Da Redação

Publicado em 6 de julho de 2015 às 10h55.

Paris - Como um governo sem liquidez pode pagar salários e pensões, ou cumprir com sua obrigações junto aos fornecedores? Emitindo letras de câmbio IOU, o equivalente a uma moeda temporária, algo que a Grécia pode ser obrigada a fazer se a situação com os credores permanecer bloqueada.

A sigla em inglês IOU significa "I owe you" (Eu devo a você).

O título é uma promessa escrita de pagamento e de reconhecimento da dívida emitida por um devedor, que, por algum motivo, não tem dinheiro em espécie.

O Estado grego poderia recorrer à medida se o Banco Central Europeu (BCE) deixar de fornecer euros ao país e caso os cofres dos bancos fiquem vazios.

De acordo com muitos economistas, o governo poderia imprimir os títulos, uma espécie de bônus do Tesouro, mas sem juros, em forma de salário, pensão ou para pagar os fornecedores.

A medida seria provisória, à espera de um novo acesso ao euro ou da produção de uma nova moeda, um processo extremamente técnico, longo e difícil em termos logísticos.

O ministro das Finanças Yanis Varoufakis, que renunciou ao cargo nesta segunda-feira, afirmou na semana passada que as prensas não têm capacidade para imprimir dracmas, a moeda grega antes do euro.

Em formato papel ou como certificados eletrônicos, as letras de câmbio poderiam ser emitidas de maneira paralela aos euros ainda circulação e em paridade com a moeda única.

Em um cenário imaginado pelo economista Holger Schmieding, do Berenberg Bank, um forte crítico do governo grego dirigido pelo partido de extrema-esquerda Syriza, o Estado paga a um aposentado que recebe uma pensão de 500 euros ao mês um título de 500 IOU.

Depois, as coisas ficam complicadas. Por exemplo, se o aposentado decide utilizar este "dinheiro" para fazer compras: o comerciante pode rejeitar a paridade do título com o euro e cobrar 50 IOU por uma compra que custa 30 euros.

"Uma divisa na qual as pessoas não confiam provoca uma inflação galopante", afirma Schmieding, para quem o pensionista poderia perceber que uma pensão de 500 IOU vale apenas "100 ou 150 euros" no mercado negro.

O cenário catastrófico está inspirado no caso da Venezuela, onde a moeda nacional, o bolívar, não para de perder valor no mercado negro, dominado pelo dólar.

Ao mesmo tempo, os IOU não podem ser considerados uma verdadeira divisa, administrada por um Banco Central independente.

Para alguns analistas, no entanto, podem ser úteis e servir como moeda paralela transitória, o que permitiria à Grécia a permanência em uma zona cinza, "onde não se sabe se está dentro ou fora do euro", afirma um colunista do jornal Financial Times, Wolfgang Münchau.

Os IOU, garantidos por exemplo pela arrecadação fiscal futura, serviriam para manter um pouco de liquidez nos intercâmbios diários.

Em um texto divulgado na internet que agora parece quase premonitório, Varoufakis imaginou, em fevereiro de 2014, quase um ano antes de chegar ao governo, uma espécie de "moeda paralela" para os Estados da Eurozona.

Ele explicou que os mecanismos que permitiriam criar a divisa seriam uma "fonte de liquidez independente do mercado", administrada pelos "usuários", sem envolver os bancos e existindo "à margem de todas as restrições impostas por Bruxelas".

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Paris - Como um governo sem liquidez pode pagar salários e pensões, ou cumprir com sua obrigações junto aos fornecedores? Emitindo letras de câmbio IOU, o equivalente a uma moeda temporária, algo que a Grécia pode ser obrigada a fazer se a situação com os credores permanecer bloqueada.

A sigla em inglês IOU significa "I owe you" (Eu devo a você).

O título é uma promessa escrita de pagamento e de reconhecimento da dívida emitida por um devedor, que, por algum motivo, não tem dinheiro em espécie.

O Estado grego poderia recorrer à medida se o Banco Central Europeu (BCE) deixar de fornecer euros ao país e caso os cofres dos bancos fiquem vazios.

De acordo com muitos economistas, o governo poderia imprimir os títulos, uma espécie de bônus do Tesouro, mas sem juros, em forma de salário, pensão ou para pagar os fornecedores.

A medida seria provisória, à espera de um novo acesso ao euro ou da produção de uma nova moeda, um processo extremamente técnico, longo e difícil em termos logísticos.

O ministro das Finanças Yanis Varoufakis, que renunciou ao cargo nesta segunda-feira, afirmou na semana passada que as prensas não têm capacidade para imprimir dracmas, a moeda grega antes do euro.

Em formato papel ou como certificados eletrônicos, as letras de câmbio poderiam ser emitidas de maneira paralela aos euros ainda circulação e em paridade com a moeda única.

Em um cenário imaginado pelo economista Holger Schmieding, do Berenberg Bank, um forte crítico do governo grego dirigido pelo partido de extrema-esquerda Syriza, o Estado paga a um aposentado que recebe uma pensão de 500 euros ao mês um título de 500 IOU.

Depois, as coisas ficam complicadas. Por exemplo, se o aposentado decide utilizar este "dinheiro" para fazer compras: o comerciante pode rejeitar a paridade do título com o euro e cobrar 50 IOU por uma compra que custa 30 euros.

"Uma divisa na qual as pessoas não confiam provoca uma inflação galopante", afirma Schmieding, para quem o pensionista poderia perceber que uma pensão de 500 IOU vale apenas "100 ou 150 euros" no mercado negro.

O cenário catastrófico está inspirado no caso da Venezuela, onde a moeda nacional, o bolívar, não para de perder valor no mercado negro, dominado pelo dólar.

Ao mesmo tempo, os IOU não podem ser considerados uma verdadeira divisa, administrada por um Banco Central independente.

Para alguns analistas, no entanto, podem ser úteis e servir como moeda paralela transitória, o que permitiria à Grécia a permanência em uma zona cinza, "onde não se sabe se está dentro ou fora do euro", afirma um colunista do jornal Financial Times, Wolfgang Münchau.

Os IOU, garantidos por exemplo pela arrecadação fiscal futura, serviriam para manter um pouco de liquidez nos intercâmbios diários.

Em um texto divulgado na internet que agora parece quase premonitório, Varoufakis imaginou, em fevereiro de 2014, quase um ano antes de chegar ao governo, uma espécie de "moeda paralela" para os Estados da Eurozona.

Ele explicou que os mecanismos que permitiriam criar a divisa seriam uma "fonte de liquidez independente do mercado", administrada pelos "usuários", sem envolver os bancos e existindo "à margem de todas as restrições impostas por Bruxelas".

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