Gargalo logístico custa quase US$100 mi ao setor de adubo
O setor já reduziu o volume de entregas de fertilizantes para os agricultores por conta dos problemas logísticos mas ressalta que não deve faltar produto no país
Da Redação
Publicado em 27 de agosto de 2012 às 18h31.
São Paulo - As filas de navios nos portos brasileiros já custam quase 100 milhões de dólares ao setor de fertilizantes neste ano, considerando os gastos com o pagamento de demourrage (sobrestadia) das embarcações nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), de acordo com estimativas feitas nesta segunda-feira com base no número de navios e dias de espera nestes dois locais.
"Dos quase 120 navios parados em Paranaguá, metade é de navios com fertilizantes... O tempo de espera lá está em 45 dias até ontem", disse George Wagner Bonifácio Sousa, vice-presidente da Associação para a Difusão de Adubos (Anda).
O grande fluxo reflete, além da concentração das importações de fertilizantes neste período, a lentidão para liberação de cargas em meio às greves de fiscais federais, que acabam elevando o tempo de espera dos navios.
Considerando os dados apresentados pelo executivo, o custo entre 30 mil e 60 mil dólares por dia de navio parado, o gasto atingiria no mínimo 81 milhões de dólares somente em Paranaguá, por onde entram cerca de 50 por cento dos fertilizantes importados pelo Brasil.
"Em Santos, os gastos com demourrage já somam 15 milhões contando os 25 dias de espera no porto", disse.
"Existe produto no mundo para atender à demanda brasileira. O problema é a logística... o tempo hábil para entregar o produto", acrescentou Sousa.
O executivo reconhece que o setor já reduziu o volume de entregas de fertilizantes para os agricultores por conta dos problemas logísticos mas ressalta que não deve faltar produto no país.
Estoques - A indústria brasileira conta com estoques para atender a forte demanda prevista por fertilizantes, mas o gargalo logístico requer a atenção do setor neste período de consumo mais intenso, em que os produtores se preparam para o plantio da safra de verão, disse o diretor executivo da associação que reúne as misturadoras nesta segunda-feira.
"Se diminui o estoque e a oferta (de nutrientes) não entra no país na mesma velocidade, pode ter um problema... Daqui para frente vamos ter que acompanhar com cuidado esta questão logística", disse Carlos Eduardo Florence, diretor-executivo da Ama-Brasil (Associação Brasileira dos Misturadores).
O Brasil importa a maior parte do fertilizante consumido no país, enquanto o consumo está estimado para atingir um recorde, com produtores tentando maximizar as produtividades, de olho nos preços recordes da soja e milho no mercado internacional.
Florence estima que estoques do produto atualmente em torno de 5 milhões de toneladas no país.
No porto de Paranaguá, principal ponto de entrada de nutrientes do país, dezenas de navios com o produto aguardam para atracar.
Greves - Segundo ele, além da infraestrutura e logística deficitárias, o setor está preocupado com greves do funcionalismo público e o gargalo nos portos este ano.
Ele observa que parte da Receita Federal trabalha em esquema de operação padrão, o que acaba agravando um gargalo logístico que normalmente já é complicado quando se concentram as chegadas de navios carregados com nutrientes --nitrogênio, fósforo e potássio-- que serão usados na fabricação do fertilizante.
Tradicionalmente, a demanda por fertilizantes ganha força no segundo semestre no período mais próximo do plantio da safra de verão, entre setembro e outubro, com o início da temporada mais chuvosa.
Florence lembra que entre setembro e novembro o volume de entregas de fertilizantes --ou seja, as vendas ao produtor-- somam em média 3 milhões de toneladas por mês.
O consumo de fertilizantes é estimado em um recorde de 29 milhões a 30 milhões de toneladas, segundo consultorias do setor. A previsão é que a demanda supere a do ano passado, quando os produtores brasileiros consumiram 28,3 milhões de toneladas, uma máxima histórica.
As vendas de fertilizantes no Brasil atingiram 14,3 milhões de toneladas entre janeiro e julho deste ano, crescendo 3,5 por cento ante igual período do ano passado, o qual já havia registrado forte demanda, segundo a indústria.
Apesar da crescente demanda brasileira, o país figura em quarto lugar no ranking de consumo de fertilizantes, com apenas 6 por cento, contra 33 por cento da China, 17 por cento da Índia e 12 por cento dos Estados Unidos, segundo dados da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda).
São Paulo - As filas de navios nos portos brasileiros já custam quase 100 milhões de dólares ao setor de fertilizantes neste ano, considerando os gastos com o pagamento de demourrage (sobrestadia) das embarcações nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), de acordo com estimativas feitas nesta segunda-feira com base no número de navios e dias de espera nestes dois locais.
"Dos quase 120 navios parados em Paranaguá, metade é de navios com fertilizantes... O tempo de espera lá está em 45 dias até ontem", disse George Wagner Bonifácio Sousa, vice-presidente da Associação para a Difusão de Adubos (Anda).
O grande fluxo reflete, além da concentração das importações de fertilizantes neste período, a lentidão para liberação de cargas em meio às greves de fiscais federais, que acabam elevando o tempo de espera dos navios.
Considerando os dados apresentados pelo executivo, o custo entre 30 mil e 60 mil dólares por dia de navio parado, o gasto atingiria no mínimo 81 milhões de dólares somente em Paranaguá, por onde entram cerca de 50 por cento dos fertilizantes importados pelo Brasil.
"Em Santos, os gastos com demourrage já somam 15 milhões contando os 25 dias de espera no porto", disse.
"Existe produto no mundo para atender à demanda brasileira. O problema é a logística... o tempo hábil para entregar o produto", acrescentou Sousa.
O executivo reconhece que o setor já reduziu o volume de entregas de fertilizantes para os agricultores por conta dos problemas logísticos mas ressalta que não deve faltar produto no país.
Estoques - A indústria brasileira conta com estoques para atender a forte demanda prevista por fertilizantes, mas o gargalo logístico requer a atenção do setor neste período de consumo mais intenso, em que os produtores se preparam para o plantio da safra de verão, disse o diretor executivo da associação que reúne as misturadoras nesta segunda-feira.
"Se diminui o estoque e a oferta (de nutrientes) não entra no país na mesma velocidade, pode ter um problema... Daqui para frente vamos ter que acompanhar com cuidado esta questão logística", disse Carlos Eduardo Florence, diretor-executivo da Ama-Brasil (Associação Brasileira dos Misturadores).
O Brasil importa a maior parte do fertilizante consumido no país, enquanto o consumo está estimado para atingir um recorde, com produtores tentando maximizar as produtividades, de olho nos preços recordes da soja e milho no mercado internacional.
Florence estima que estoques do produto atualmente em torno de 5 milhões de toneladas no país.
No porto de Paranaguá, principal ponto de entrada de nutrientes do país, dezenas de navios com o produto aguardam para atracar.
Greves - Segundo ele, além da infraestrutura e logística deficitárias, o setor está preocupado com greves do funcionalismo público e o gargalo nos portos este ano.
Ele observa que parte da Receita Federal trabalha em esquema de operação padrão, o que acaba agravando um gargalo logístico que normalmente já é complicado quando se concentram as chegadas de navios carregados com nutrientes --nitrogênio, fósforo e potássio-- que serão usados na fabricação do fertilizante.
Tradicionalmente, a demanda por fertilizantes ganha força no segundo semestre no período mais próximo do plantio da safra de verão, entre setembro e outubro, com o início da temporada mais chuvosa.
Florence lembra que entre setembro e novembro o volume de entregas de fertilizantes --ou seja, as vendas ao produtor-- somam em média 3 milhões de toneladas por mês.
O consumo de fertilizantes é estimado em um recorde de 29 milhões a 30 milhões de toneladas, segundo consultorias do setor. A previsão é que a demanda supere a do ano passado, quando os produtores brasileiros consumiram 28,3 milhões de toneladas, uma máxima histórica.
As vendas de fertilizantes no Brasil atingiram 14,3 milhões de toneladas entre janeiro e julho deste ano, crescendo 3,5 por cento ante igual período do ano passado, o qual já havia registrado forte demanda, segundo a indústria.
Apesar da crescente demanda brasileira, o país figura em quarto lugar no ranking de consumo de fertilizantes, com apenas 6 por cento, contra 33 por cento da China, 17 por cento da Índia e 12 por cento dos Estados Unidos, segundo dados da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda).