Economia

G20 tenta superar estagnação mundial e a "guerra de moedas"

"principal desafio" do G20 é o de tirar "a economia mundial da estagnação e da incerteza para colocá-la em uma trajetória firme de crescimento", declarou Vladimir Putin


	O presidente russo, Vladimir Putin: Rússia fez justamente da busca de novas "fontes de crescimento" uma prioridade de sua presidência do G20
 (AFP/ Alexander Nemenov)

O presidente russo, Vladimir Putin: Rússia fez justamente da busca de novas "fontes de crescimento" uma prioridade de sua presidência do G20 (AFP/ Alexander Nemenov)

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Da Redação

Publicado em 15 de fevereiro de 2013 às 17h35.

Moscou - O G20, grupo das principais potências industrializadas e emergentes, deu início, nesta sexta-feira, a um encontro de dois dias em Moscou, com a intenção de estimular políticas para pôr fim à "estagnação" da economia mundial e afastar a ameaça de uma "guerra de divisas".

O "principal desafio" do G20 é o de tirar "a economia mundial da estagnação e da incerteza para colocá-la em uma trajetória firme de crescimento", declarou o presidente russo Vladimir Putin ao inaugurar no Kremlin a reunião.

Pela primeira vez em muito tempo os temores sobre o colapso da zona do euro e de sua moeda não são o foco dos debates da reunião. São as estatísticas publicadas na véspera do encontro que puseram novamente a Europa na mira: a recessão foi mais grave que o previsto no ano passado na zona do euro e "a economia só se recuperará lentamente em 2013", alertou em Moscou o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn.

Trata-se do principal freio à recuperação mundial.

A Rússia fez justamente da busca de novas "fontes de crescimento" uma prioridade de sua presidência do G20, que se encerrará com uma cúpula no começo de setembro em São Petersburgo.


Enquanto os excessos do rigor fiscal começam a ser apontados por seus efeitos nefastos às atividades, Moscou busca flexibilizar os objetivos fixados em 2010, em Toronto, quando os países do G20 se comprometeram a reduzir, pelo menos à metade, seus déficits para 2013.

"Devemos adotar objetivos realistas e possíveis de alcançar para não ter que dizer em três anos que é preciso revisá-los", afirmou nesta sexta-feira o ministro russo das Finanças, Anton Siluanov. O prazo poderia ser prorrogado até 2016, sugeriu, constatando que vários países não o atingirão este ano.

A Comissão Europeia, que geralmente mantém uma rígida postura sobre o tema, acaba de aceitar a possibilidade de novos prazos para a redução dos déficits. Resta saber se a Alemanha, que ainda é mais ortodoxa, aceitará flexibilizar a austeridade.

Alguns países europeus, liderados pela França, se preocupam, além disso, com a força do euro, que penaliza as exportações.

A zona do euro também denúncia as políticas monetárias dos Estados Unidos e do Japão, que lançam mão da impressão de moeda para sustentar suas economias, causando a desvalorização de suas moedas.

"Não queremos intervenção dos Estados nas taxas de câmbio", afirmou o ministro alemão de Finanças, Wolfgang Schäuble.


Os temores de uma "guerra de divisas" provocados por um encadeamento de desvalorizações competitivas realizadas por países que buscam crescimento foram reavivados pelo Japão.

O Banco Central japonês cedeu às pressões do governo para sustentar a economia emitindo moeda, uma política comum nos Estados Unidos, mas que é proíba pelo Banco Central Europeu (BCE).

"A 'guerra de moedas' será novamente uma prioridade na agenda do G20, já que os principais países emergentes (Brasil, Índia, Turquia e Rússia) acusarão novamente o Ocidente de desvalorizar deliberadamente ou de fato sua própria moeda, o que reforça as divisas das economias emergentes", disse o economista Jan Randolph, de IHS Global Insight.

Segundo o ministro russo das Finanças, Anton Siluanov, "não há nenhuma dúvida que este tema vai surgir" e que o Japão deverá se explicar. "No comunicado final, os ministros das Finanças vão se pronunciar para que as taxas de câmbio continuem determinadas pelo mercado", anunciou ele, citado por agências russas de notícias.

O ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, criticou as políticas de expansão monetária de alguns países como método para enfrentar a crise, que, em sua opinião levam à valorização do real em relação ao dólar, o que Brasil denuncia desde 2010 como uma "guerra cambial".


"O problema (da guerra cambial) não diminuiu, porque o comércio mundial está atrofiado, em um cenário em que muitas economias tentam resolver problemas domésticos por meio de exportações", disse Mantega, citado pelo jornal Valor econômico.

Os países mais ricos do planeta, reunidos no G7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Canadá, Itália, França e Grã-Bretanha), já publicaram um comunicado neste sentido no começo da semana.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) tentou, contudo, diminuir a controvérsia considerando os temores "exagerados" na quinta-feira, apesar de ter pedido atenção sobre este tema.

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