Economia

FMI questiona capacidade da Grécia de cumprir reformas

FMI alertou que zona do euro deve se comprometer com uma reestruturação de dívida para assegurar o funcionamento do plano de resgate da Grécia


	A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde
 (Yuri Gripas/Reuters)

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde (Yuri Gripas/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de julho de 2015 às 21h07.

Washington - O Fundo Monetário Internacional (FMI) questionou a capacidade da Grécia de realizar as reformas prometidas no programa de resgate e alertou que a zona do euro deve se comprometer com uma reestruturação de dívida para assegurar o funcionamento do plano.

O Fundo afirmou ainda que o sistema bancário da Grécia pode precisar de mais injeções de capital.

"A dramática deterioração da sustentabilidade da dívida indica a necessidade de um desconto na dívida em escala que deveria ir muito além do que vem sendo considerado até agora - e o que tem sido proposto pelas autoridades da zona do euro", disse o FMI em relatório sobre a economia grega.

O FMI tem alertado as autoridades da zona do euro nos últimos dias para o fato de que a Grécia precisará de uma reestruturação de dívida maior que o inicialmente pensado, uma vez que o controle de capitais asfixia a já enfraquecida economia.

Sob o acordo preliminar alcançado na segunda-feira, autoridades afirmam que irão considerar a extensão dos prazos de dívidas e a redução de taxas se a Grécia cumprir com as reformas prometidas e reduzir seus gastos.

Mas o FMI diz que ainda que os prazos sejam estendidos para além da segunda metade do século, isso pode não ser suficiente para colocar a dívida grega de volta nos trilhos após a devastação do controle de capitais.

O FMI diz que, para Atenas cumprir com uma meta "ambiciosa" de crescimento, deve propor novas reformas.

Em um documento de três páginas, o FMI afirma que uma opção é "uma extensão muito dramática" da dívida grega.

Cortar taxas e adiar prazos de carência de todo o estoque de dívida europeia, incluindo a nova assistência por 30 anos, poderia levar os encargos da dívida da Grécia para além da segunda metade do século, quando uma nova geração de gregos teria que arcar com os custos da era atual.

Empréstimos a taxas que não sejam as mais baixas no curto prazo "levarão a uma dinâmica insustentável da dívida nas próximas décadas", advertiu o FMI.

"Outras opções incluem transferências anuais explícitas para o orçamento grego ou profundos descontos", disse o FMI. "A escolha entre as várias opções é decisão da Grécia e de seus parceiros europeus."

A avaliação do FMI é um claro aviso de que o acordo de socorro financeiro não eliminou o risco de uma saída da Grécia da zona do euro e que o FMI precisa de um forte compromisso de reestruturação de dívida dos membros da zona do euro.

Isso pode reforçar o argumento do ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, de que a saída da Grécia da zona do euro pode ser uma melhor alternativa do que o resgate.

Um graduado funcionário do FMI afirmou que o comprometimento de desconto na dívida grega pela zona do euro foi "fraco". 

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