Economia

FMI destaca estabilidade da América Latina

O Fundo alertou, no entanto, sobre o risco do protecionismo que há nos países da região

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2012 às 14h38.

Washington - As economias latino-americanas se destacam "pela estabilidade" em um ambiente internacional "revolto", segundo um diretor do alto escalão do Fundo Monetário Internacional (FMI), que alertou, no entanto, sobre o risco de os países desta região apelarem para medidas protecionistas.

Nicolás Eyzaguirre, diretor do Departamento para o Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional indicou, em entrevista à Agência Efe, que "em um contexto internacional que é claramente preocupante, a América Latina se destaca pela estabilidade, e se encontra quase em uma situação ideal".

Espera-se que os países latino-americanos cresçam ao nível de seu potencial, disse Eyzaguirre, na sede do organismo em Washington, a menos de uma semana da realização dos tradicionais encontros do primeiro semestre do FMI e do Banco Mundial, durante os quais serão anunciadas as novas previsões de crescimento mundial.

O economista chileno afirmou que o Fundo espera que "nos próximos dois anos a região cresça entre 3,5% e 4%, mais ou menos o que pode crescer em razão de seu potencial sem superaquecer".

Eyzaguirre reconheceu a propensão das economias latino-americanas às pressões inflacionárias, embora tenha descartado que seja um problema grave atualmente.

"As economias da região estão operando quase todas a plena capacidade e, portanto, são mais suscetíveis às pressões inflacionárias, mas por enquanto as vemos como um risco calculado", explicou o chefe do departamento americano do FMI.

Por outro lado, ele avaliou como "mínima" a possível desaceleração da China, cujo crescimento ficará entre 8,1% e 8,3% para este ano, e seus efeitos sobre a América Latina, que nos últimos anos se transformou no grande fornecedor de matérias-primas para o gigante asiático.

"A América Latina depende muito mais da Ásia do que das economias avançadas, e a Ásia seguiu crescendo de maneira sobressalente", disse. "Nem os mercados nem nós vemos uma queda acentuada dos preços das matérias-primas", acrescentou.

O problema sobre o qual Eyzaguirre alertou foi a "preocupante" aparição de políticas protecionistas na região, causadas pela dependência latino-americana das exportações e a crescente "valorização" das moedas locais que favoreceram as importações, como é o caso de Brasil, Colômbia, Uruguai e Chile.

"O protecionismo é pão para hoje e fome para amanhã, é um inimigo com o qual é preciso ter muito cuidado no caso de países cujo destino está em abastecer os mercados mundiais", explicou.

Embora Eyzaguirre não tenha citado quais seriam estes países, nos últimos meses os governos de Brasil e Argentina puseram em prática diversas medidas que foram criticadas por alguns de seus parceiros comerciais como protecionistas.

Por fim, o economista do Fundo avaliou as políticas macroprudenciais postas em prática por países como Brasil, Chile, Colômbia e México durante a crise e que deixaram melhor posicionadas suas respectivas economias frente à volatilidade financeira internacional. 

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