São Paulo - As florestas ocupam 22% do território da Índia. É pouco, mas vale muito: nada menos do que US$ 1,7 trilhões, quase o PIB do próprio país, e mais que o do Canadá. A estimativa vem de um relatório produzido por uma painel de cientistas do Instituto Indiano de Pesquisa e Gestão Florestal da Índia.
Em 2013, a pedido do governo indiano, eles calcularam o Valor Presente Líquido (VPL) das florestas indianas para uma situação hipotética em que toda a cobertura vegetal fosse convertida para atividades econômicas.
Como nossas sociedades têm dificuldade de enxergar valor em coisas que não circulam dentro do tradicional sistema de preços — quanto custam as árvores, as águas de um manacial ou até mesmo o ar que se respira? — a valoração ambiental tem atraído atenção de governos, que buscam de alguma forma legitimar a importância da preservação dos ecossistemas naturais.
No caso indiano, a legislação determina que quando terrenos florestais são convertidos para uso industrial, o desenvolvedor do projeto tem que pagar uma quantia determinada para a arborização compensatória e o Valor Presente Líquido (VPL) da floresta, para compensar a perda de ecossistema.
Neste mês, o ministro de Meio Ambiente daquele país aprovou o relatório apresentado em 2013, que a partir de agora servirá de base para calcular o valor de compensação florestal por áreas que vierem a ser desmatadas. As taxas de cobrança foram fixadas em 2008, mas a nova revisão de valores deve duplicar essas taxas, segundo o Hindu Times.
O desmatamento, seja ele legal ou ilegal, é um ciclo vicioso. Na Índia, a perda de cobertura florestal está associada, principalmente, à agricultura, exploração de madeira, mineração e construção indiscriminada de projetos hidroelétricos. Para agravar, o país ainda tem uma população em crescimento constante e uma urbanização desordenada, o que aumenta a pressão sobre as áreas verdes.
O saldo da perda de floresta é sempre desastroso, e inclui erosão do solo, secas e enchentes extremas. Um estudo recente do Indian Institute of Science de Bangalore estimou que o desmatamento em grande escala poderia, até mesmo, mudar a direção das chuvas de monção para o sul do país, o que reduziria a precipitação na Índia em quase um quinto, segundo os cientistas.
Na prática, com a aplicação das novas taxas pelo Ministério do Meio Ambiente, a Índia vai aumentar a sua arrecadação junto aos industriais e talvez frear novas investidas do setor sobre as áreas florestadas remanescentes.
Apesar das aparentes boas intenções da nova abordagem, as autoridades deixaram de fora cerca de 400 milhões de pessoas que dependem direta ou indiretamente dos recursos florestais para sua sobrevivência.
Ao contrário do que propunha o relatório do Instituto Indiano de Gestão Florestal e Pesquisa Florestal da Índia, as comunidades florestais não serão contempladas pelo fundo de compensação por desmatamento. Então quando uma floresta for desmatada para fins econômicos, as comunidades tradicionais afetadas não serão compensadas e tampouco participarão do processo de decisão inicial.
Historicamente, a Índia herdou uma infraestrutura de governança florestal colonial que trata as florestas como propriedade do Estado. Essa situação gerou nos últimos anos uma grande mobilização nacional exigindo direitos locais sobre as florestas e culminou em 2006 com a criação da Lei de Direitos Florestais.
Mas as autoridades indianas ainda falham em reconhecer os direitos coletivos territoriais dos grupos tribais. A falta de direitos legalmente reconhecidos deixa as comunidades vulneráveis à perda de suas terras, o que, por tabela, também reduz a proteção das florestas, um problema que extrapola as fronteiras indianas.
Globalmente, existem pelo menos 513 milhões de hectares de florestas comunitárias, reconhecidas legalmente. Estudos mostram que esses terrenos, mantidos coletivamente por populações rurais ou indígenas, revelam-se aliados na luta pela preservação ambiental e no combate às mudanças climáticas.
Nesse sentido, fortalecer os direitos das comunidades florestais e expandir suas áreas é uma oportunidade para os governos cumprirem suas metas climáticas ao mesmo tempo em que protegem o meio ambiente.
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1. Despertar da consciência
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1/12 (Brent Stirton/ Getty Images)
São Paulo - Já somos 7 bilhões de pessoas no mundo, usufruindo dos recursos naturais que a Terra, generosa, nos dá sem pedir nada em troca. Nossa permanência neste mundo depende da saúde do
meio ambiente. E a saúde do meio ambiente depende de termos consciência de nossas ações e de seus impactos para os ecossistemas e para os seres vivos (incluindo nossos próprios semelhantes). Somos todos parte do mesmo ciclo — ainda que a vida entre concreto nas grandes cidades nos faça esquecer disso. Para lembrar da grandeza e, também, da fragilidade de nosso Planeta,
EXAME.com separou 11 documentários na
Netflix que farão você repensar a vida por essas bandas. Preparado para a jornada? Navegue pelos slides e surpreenda-se.
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2. TERRA
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Os animais são os refugiados que muitas vezes esquecemos. Esta é a mensagem do belíssimo documentário TERRA, que reflete sobre nossa relação com outras criaturas do mundo à medida que a humanidade se afasta cada vez mais da natureza. Já passou da hora de repensarmos a forma de compartilhar o nosso planeta.
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3. VIRUNGA
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Uma palavra define este documentário: arrebatador. Virunga conta a história verídica indicada ao Oscar dos guardas que arriscam a vida para proteger o parque nacional mais precioso da África e seus gorilas em risco de extinção, diante das turbulências civis do Congo e do avanço de empresas petroleiras interessadas em explorar os recursos do Parque. Trilha sonora e fotografia são de tirar o ar.
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4. THE TRUE COST
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Você tem o costume de "vibrar" quando compra uma peça de roupa muito barata? O documentário The True Cost é um soco no estômago, que expõe as condições, muitas vezes vexatórias e desumanas, em que essas roupas são produzidas por trabalhadores na China, Bangladesh e Índia. Preparado para descobrir o verdadeiro custo do apetite mundial por roupas e mais roupas baratas e descartáveis? Então esse documentário é para você, que também vai conhecer novas formas mais sustentáveis e socialmente justas de produção.
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5. BORN TO BE WILD
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Quando caçadores matam elefantes por causa de suas preciosas presas de marfim, Daphne Sheldrik adota seus bebês órfãos no Quênia. Do outro lado do mundo, nas selvas de Bornéu, a famosa primatologista Biruté Galdikas cuida dos orangotangos que perderam sua família por conta do desmatamento. Born to be wild é a história encantadora dessas duas mulheres e suas equipes extraordinárias que se comprometeram a cuidar dos animais órfãos até eles estarem prontos para retornar ao seu habitat natural.
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6. COWSPIRACY
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Documentário polêmico, Cowspiracy investiga os impactos ambientais da criação de animais para o consumo humano e a relação dessa atividade econômica com o aquecimento global. E vai além, questionando, do ponto de vista ético e cultural, os hábitos à mesa da humanidade e a relação com outros seres sencientes, que assim como nós, têm capacidade de sofrer ou sentir prazer.
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7. BLACKFISH
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Documentário que virou o pesadelo do grupo americano SeaWorld, "Blackfish" analisa como a vida em cativeiro pode afetar o comportamento das orcas. Lançado em 2013, o filme teve como gancho a morte da treinadora Dawn Brancheau, que foi atacada em 2010 pela orca Tilikum no parque SeaWorld de Orlando, na Flórida, em frente aos espectadores. Depois da estreia de "Blackfish", a empresa viu os números de visitantes nos parques diminuírem drasticamente. Em março de 2016, o SeaWorld anunciou o fim de programa de espetáculos com orcas.
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8. MISSION BLUE
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Este documentário retrata a campanha da implacável oceanógrafa Sylvia Earle para salvar os oceanos de várias ameaças, como a pesca abusiva e os resíduos tóxicos. Seu objetivo é proteger o que chama de "pontos de esperança", lugares especiais e vitais para saúde dos oceanos e para a nossa própria sobrevivência.
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9. AMAZÔNIA ETERNA
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Maior
floresta tropical do mundo e dona de uma
biodiversidade riquíssima, a Amazônia vive sob constante pressão. Afinal, não é fácil conciliar exploração econômica e preservação do meio ambiente, mas "Amazônia Eterna" traz exemplos inspiradores de como o desenvolvimento sustentável na região é um sonho possível. Porém, ainda há grandes desafios a serem superados para a Amazônia alcançar prosperidade social, econômica e ambiental.
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10. ANTÁRTICA EXTREMA
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Uma viagem emocionante para um dos ambientes mais inóspitos do mundo, Antártica Extrema segue uma equipe de cientistas ambientais que estudam o aquecimento global e seus efeitos nefastos no continente gelado. Navegando por ondas gigantes e icebergs perigosos, os cientistas viajam com um arsenal de tecnologia de ponta que mede as transformações na região.
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11. CATCHING THE SUN
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Um trabalhador desempregado americano, um ativista e um empreendedor de energia solar chinês representam a batalham entre EUA e a China para liderar a corrida global da energia renovável. Catching the Sun (Apanhando o Sol) conta a história da transição global de energias a partir da perspectiva dos trabalhadores e empresários que constroem soluções para a desigualdade de renda e mudanças climáticas com as próprias mãos.
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12. GMO OMG
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Você sabe o que é OGM? Muita gente não sabe, e mesmo assim, todos os dias milhares de pessoas ingerem alimentos geneticamente modificados em laboratório. Este documentário provocativo segue a busca de um pai para responder à pergunta "Com o que alimentamos nossas famílias?" e avalia os riscos dos organismos geneticamente modificados para o meio ambiente e a saúde humana.