Fed: banco central americano tenta reduzir impactos do coronavírus na economia com medidas emergenciais (Leah Millis/Reuters)
Reuters
Publicado em 20 de março de 2020 às 17h09.
Última atualização em 20 de março de 2020 às 17h10.
O Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) continuou a oferecer apoio de emergência nesta sexta-feira ao intensificar os esforços com outros grandes bancos centrais para aliviar uma crise global de financiamento em dólares, amparar um mercado essencial para as finanças dos governos estaduais e locais dos EUA e aumentar suas compras de títulos lastreados em hipotecas.
Em um movimento coordenado, o Fed disse que aperfeiçoaria os acordos permanentes de linha de swap de liquidez em dólar dos EUA com Banco do Canadá, Banco da Inglaterra, Banco do Japão, Banco Central Europeu e Banco Nacional Suíço para aliviar ainda mais o estresse de financiamento do dólar no exterior.
O Fed disse que aumentaria a frequência das operações com vencimento em 7 dias de semanal para diária, começando em 23 de março e continuando pelo menos até o final de abril. Os bancos centrais também continuarão a realizar operações semanais de vencimentos de 84 dias.
"As linhas de swap entre esses bancos centrais estão disponíveis e permanecem como um importante instrumento de liquidez para aliviar as tensões nos mercados globais de financiamento", afirmou o Fed em comunicado.
O banco central norte-americano mantém acordos de swap permanentes com esses bancos centrais e na quinta-feira estendeu provisões temporárias de linhas de swap para BCs de nove outros países para facilitar o acesso a dólares, na esperança de conter o acelerado impacto negativo sobre o sistema financeiro e a economia provocado pela pandemia do coronavírus.
Os dólares estão em grande demanda --e em escassa oferta-- nos mercados fora das fronteiras dos Estados Unidos, à medida que bancos, empresas e governos se esforçam para garantir pagamentos de dívidas em dólares que muitos acumularam.
Isso fez com que os custos de financiamento do dólar subissem em espiral e levou a um rali histórico no valor do dólar em relação a outras moedas.
Em um movimento separado, o Fed disse nesta sexta-feira que estenderia seu apoio à liquidez no mercado de dívida municipal, o principal mercado de financiamento para Estados dos EUA, governos locais e autoridades oficiais, como sistemas de trânsito.
Agora, os empréstimos estarão disponíveis "para instituições financeiras qualificadas, garantidas por certos ativos de alta qualidade adquiridos de fundos mútuos de um único Estado e de outros mercados municipais isentos de impostos", por meio do Mecanismo de Liquidez de Fundos Mútuos do Mercado Monetário que o Fed estabeleceu na quarta-feira, nos EUA, disse o BC em comunicado.
O Fed também anunciou nesta sexta-feira seu mais recente esforço para tranquilizar dealers e outras instituições financeiras de que fornecerá a liquidez necessária para manter os mercados funcionando sem problemas.
O Federal Reserve de Nova York, o braço de operações de mercado do Fed, disse que continuará a disponibilizar 1 trilhão de dólares por dia em operações compromissadas durante o restante do mês, com metade desse valor oferecida pela manhã e a outra, no período da tarde. O Fed havia dito anteriormente que planejava oferecer esse volume de apoio até o final desta semana.
O BC dos EUA informou também que faria compras adicionais de títulos lastreados em hipotecas nesta sexta-feira, totalizando 15 bilhões de dólares em duas operações e comprando pelo menos 100 bilhões de dólares em bônus hipotecários na próxima semana, incluindo 40 bilhões de dólares na próxima segunda-feira.
No ritmo atual, o Fed poderia alcançar os 200 bilhões de dólares em títulos hipotecários que visava até o final do mês. As autoridades do Fed disseram repetidamente que estão dispostas a aumentar esse total conforme as condições do mercado exigirem.
O Fed tem realizado ações de emergência quase diárias desde que anunciou um pacote de medidas no domingo, que inclui reduzir as taxas de juros para quase zero e comprometer centenas de bilhões de dólares em compras de ativos, além de munir autoridades estrangeiras de oferta de financiamento barato em dólares.