Exame Logo

Exportadores de carne temem mudança de embaixada para Jerusalém

Embora o presidente nunca tenha escondido sua admiração pelo país, alguns exportadores temem que ele não tenha dado o devido peso às implicações

Bolsonaro: o mundo árabe é o segundo maior mercado de exportação de alimentos do Brasil (Andre Coelho/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2018 às 08h00.

Última atualização em 10 de novembro de 2018 às 08h00.

Os exportadores brasileiros de carne estão desconfortáveis com os planos do presidente eleito Jair Bolsonaro de transferir a embaixada do país em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém.

Bolsonaro anunciou sua intenção de mudar a embaixada em uma entrevista ao jornal conservador Israel Hayom na semana passada, provocando um tuíte de congratulações do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Veja também

Pouco depois, o Egito decidiu adiar uma visita oficial do ministro das Relações Exteriores do Brasil.

Embora Bolsonaro nunca tenha escondido sua admiração de longa data por Israel, alguns exportadores brasileiros temem que ele não tenha dado o devido peso às implicações comerciais de sua proposta.

Embora tenha registrado déficit comercial de US$ 419 milhões com Tel Aviv, o Brasil acumulou um superávit de US$ 7,1 bilhões com as 22 nações da Liga Árabe em 2017, o que que representa 10% do superávit comercial total do Brasil.

"Naturalmente, dado que temos um comércio muito importante com os mercados árabes, especialmente os mercados Halal, esse é um tema que nos causa preocupação", afirmou Pedro Parente, CEO da BRF, o maior fornecedor de frango para as nações árabes no Conselho de Cooperação do Golfo.

O mundo árabe é o segundo maior mercado de exportação de alimentos do Brasil, depois da China, segundo Reubens Hannun, presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.

Mover a embaixada "pode gerar algumas malefícios", disse Hannun. "Idealmente, as coisas permaneceriam do jeito que são", disse. Uma deterioração no relacionamento também pode afetar o interesse dos fundos soberanos árabes por investimentos no Brasil, acrescentou.

O Salic, fundo ligado à família real da Arábia Saudita, é o segundo maior acionista da Minerva, maior exportadora de carne bovina da América do Sul.

Os alimentos dominam a lista das exportações brasileiras para a Liga Árabe e o país é o maior exportador mundial de carne Halal. "Os árabes querem consumir mais produtos brasileiros", acrescentou Hannun. "Isso pode prejudicar essa pré-disposição positiva."

O embaixador egípcio em Brasília, Alaaeldin Wagih Mohamed Roushdy, disse que a viagem do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, ao Cairo foi adiada devido a conflitos de cronograma, mas acrescentou que tomou nota das declarações do presidente eleito sobre a embaixada.

"A posição do Egito é clara em relação à questão de Jerusalém e da questão palestina em geral", disse ele. "Acreditamos firmemente numa solução de dois Estados e no estabelecimento de um Estado palestino com Jerusalém Oriental como sua capital."

Acompanhe tudo sobre:EgitoExportaçõesIsraelJair BolsonaroJerusalém

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame