Pagamento digital: 95 milhões de empregos seriam criados se todos usassem mobile banking (Thinkstock/Thinkstock)
Rita Azevedo
Publicado em 24 de setembro de 2016 às 06h00.
São Paulo — Pagar compras, realizar investimentos, administrar o quanto sobrou do salário no final do mês. Não é incomum encontrar quem realize todas essas tarefas com a ajuda de um celular.
Há, no entanto, dois bilhões de pessoas em países em desevolvimento que estão bem longe dessa realidade, ao não ter nem sequer acesso a serviços financeiros básicos, como uma conta poupança.
Um estudo publicado na última semana pelo McKinsey Global Institute mostra quanto os países emergentes ganhariam se essas pessoas tivessem acesso ao banco através de meios digitais. O valor não é pequeno. Em um período de dez anos, essas nações teriam juntas um acréscimo no PIB de 3,7 trilhões de dólares. É como se uma economia do tamanho a da Alemanha fosse acrescentada ao mundo.
A pesquisa levou em conta a infraestrutura já existente nesses países, ou seja, quantas dessas pessoas já possuem celular. Em 2014, diz o estudo, 80% da população adulta de nações em desenvolvimento eram assinantes de serviços móveis. Em 2020, estimam, 90% dos adultos terão um telefone celular.
Os ganhos
Segundo o estudo, dois terços do valor acrescentado no PIB dos emergentes seriam consequência do aumento da produtividade da população. O restante seria resultado da maior concessão de crédito e do aumento de investimentos em negócios, que se tornariam mais atrativos se estivessem no sistema financeiro formal.
“O uso amplo de meios financeiros digitais tem o poder de transformar as perspectivas econômicas de bilhões de pessoas e injetar dinamismo em pequenos negócios que hoje estão parados por não ter acesso ao crédito”, diz a pesquisa.
A lista de beneficiados é extensa. Se todos pudessem usar a tecnologia para administrar suas finanças, 95 milhões de novos empregos seriam criados e os governos conseguiriam ganhar 110 bilhões de dólares por ano, com a cobrança de impostos e a redução do desperdício do dinheiro público.
O impacto do fim da exclusão financeira digital varia de país para país. Em nações como Etiópia, Índia e Nigéria, onde os níveis de acesso aos serviços financeiros é ainda menor, o acréscimo no PIB seria de até 12%. Em países mais ricos, como Brasil e China, o crescimento do PIB seria na casa dos 5%.