EUA e Europa exigem uma OMC "para todos"
Estados Unidos e Europa cobram do brasileiro Roberto Azevêdo que não seja um diretor que apenas sirva aos interesses dos países emergentes
Da Redação
Publicado em 15 de maio de 2013 às 10h18.
Genebra - Estados Unidos e Europa cobram do brasileiro Roberto Azevêdo que não seja um diretor da Organização Mundial do Comércio ( OMC ) e apenas sirva aos interesses dos países emergentes, mas atenda também às preocupações dos ricos, se quiser terminar os quatro anos de "governo" com algum êxito.
Nesta terça-feira, entre aplausos, elogios e até um clima de celebração que há muito não se via na OMC, Azevêdo foi confirmado como diretor eleito da entidade e se apressou em prometer atuar "pelo interesse" de todos os países.
Mas também advertiu que a crise na entidade exige não se perder um só minuto de trabalho. Ele mandou o recado aos países: terão de negociar em "boa-fé", se quiserem tirar a OMC da crise.
O clima de festa entre os delegados se confundia com um sentimento de alívio de que o processo não acabou em novo impasse. O atual diretor, Pascal Lamy, apressou-se em classificar o momento como exemplo da "unidade da família da OMC".
"Podemos deixar de lado nossas preocupações diárias e olhar o cenário mais amplo que a organização representa e seus valores: abertura de comércio para o benefício de todos, não discriminação, justiça e transparência", disse Lamy, que não economizou elogios a Azevedo.
Representantes de 52 países tomaram a palavra e, em três horas, também declararam a confiança no novo diretor-geral. Até o Irã, que não faz parte da OMC, pediu a palavra para elogiar o brasileiro.
Recado
Se o clima era de festa, os recados não deixaram de ser dados. Azevedo foi eleito graças ao voto dos países emergentes e, apesar de EUA e Europa não terem criado oposição ao nome dele, não votaram no brasileiro. Nesta terça-feira, esses governos insistiam que caberia a Azevedo assegurar que não governará apenas para os seus eleitores.
"Ele vai precisar de consenso para levar o trabalho adiante", adiantou o embaixador dos EUA na OMC, Michael Punk, ao ser questionado sobre a imagem de Azevêdo como diretor eleito pelos emergentes. "Ele sabe isso melhor que ninguém. Espero que seja sábio", afirmou.
Em Bruxelas, a cúpula da UE também insiste que Azevêdo terá de adotar uma posição de consenso se quiser manter a credibilidade no cargo - não poderá atender apenas a Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics). A Europa votou no mexicano Hermínio Blanco, mas indicou que estaria disposta a trabalhar com o brasileiro.