Economia

EUA criam 1,37 milhão de empregos em agosto, mas retomada desacelera

Taxa de desemprego foi de 8,4%, nova melhora no número de postos de trabalho. Mas criação de vagas foi a menor desde maio, o que pode indicar desaceleração

Desemprego nos EUA: segunda onda de casos de covid-19 atrapalhou retomada econômica (Gabby Jones/Bloomberg/Getty Images)

Desemprego nos EUA: segunda onda de casos de covid-19 atrapalhou retomada econômica (Gabby Jones/Bloomberg/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2020 às 09h44.

Última atualização em 4 de setembro de 2020 às 17h26.

Os Estados Unidos criaram 1,37 milhões de empregos em agosto, segundo novos dados do Departamento de Trabalho divulgados nesta sexta-feira, 4.

O resultado (o chamado payroll) veio em linha com a expectativa do mercado, que era de criação de 1,35 milhões de vagas, segundo os analistas ouvidos pela Bloomberg.

Com os números, a taxa de desemprego nos EUA caiu de 10,2% em julho para 8,4% em agosto. É a menor taxa de desemprego desde o começo da pandemia do novo coronavírus.

Ainda assim, os dados de agosto mostram a menor criação de vagas desde maio, quando o mercado de trabalho começou a se recuperar após as quedas bruscas em março em abril.

Antes de começar a cair nos últimos meses, a taxa de desemprego chegou a ficar em 14,7% em abril e 13,3% em maio -- um recorde negativo nos EUA, que antes da pandemia vinha tendo taxas de desemprego em baixa histórica, na casa dos 4%.

No Brasil, a taxa de desemprego oficial no trimestre encerrado em julho ficou em 13,3%, segundo os números divulgados pelo IBGE na semana passada.

Apesar da retomada, o resultado do emprego americano de hoje confirma em partes o temor de que a recuperação da economia começa a perder força a dois meses da eleição presidencial do país, marcada para 3 de novembro.

O presidente americano, Donald Trump, disputa a reeleição com o democrata Joe Biden -- a eleição de Biden pode gerar alguns impactos nas empresas listadas em bolsa, como mudanças de tributação, sobretudo nas empresas de tecnologia que dominam os índices americanos.

O cenário de incerteza global contribuiu para que as bolsas americanas tivessem ontem sua maior queda em meses. O índice Nasdaq recuou 4,96%, e o S&P 500 caiu 3,51% no pregão desta quinta-feira, 3.

Foi um forte tombo puxado pelas ações das grandes empresas de tecnologia, como Apple (-8%), Amazon (-4,63%), Facebook (-3,76%) e Tesla (-9,02%). Somente a Apple perdeu 180 bilhões de dólares em valor de mercado em um único dia.

Os índices americanos acumulam altas de dois dígitos nos últimos meses, em uma velocidade de alta superior à economia real e já passando os valores pré-pandemia. O índice Nasdaq teve valorização de quase 30% desde o início do ano e o S&P 500, de 6%. O brasileiro Ibovespa ainda acumula queda de 14% no ano.

Nesta sexta-feira, 4, os índices americanos devem abrir em alta com os resultados do emprego em linha com as expectativas e após a queda brusca do dia anterior.

Mas, no curto prazo, outro dos temores em relação à economia americana é que, sem novos pacotes de estímulo por parte do governo, a recuperação possa desacelerar ainda mais. O governo americano parou de pagar um auxílio a desempregados nas últimas semanas e os partidos democrata e republicano no Congresso ainda não conseguiram chegar a acordo para um novo pacote.

A retomada americana foi impactada também pela segunda onda de casos de coronavírus no país desde julho, que obrigou alguns lugares a voltar a fechar as portas e impor novas quarentenas.

Em agosto, a alta nos casos que se iniciou com a segunda onda começou a desacelerar, com o país registrando hoje pouco mais de 30.000 ou 40.000 novos casos de covid-19 por dia.

Enquanto a primeira onda afetou mais os estados do norte da costa leste, em estados como Nova York, a segunda atingiu em cheio regiões como a Flórida, no sul, e a Califórnia, na costa oeste.

Os EUA têm hoje 6,1 milhões de casos e mais de 186.800 mortes por coronavírus, liderando o ranking mundial, seguidos pelo Brasil, com 4 milhões de casos e mais de 124.600 mortes.

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