Economia

Estímulos de bancos centrais ficam aquém do necessário

Um alto membro do BCE disse que o programa de compra de títulos do BCE pode precisar ser repensado se a inflação baixa se tornar persistente


	Sede do BCE: mais de oito anos após o início da crise financeira, as economias dos Estados Unidos e Grã-Bretanha estão crescendo a um ritmo mais saudável, em contraste com as do Japão e de muitos países da zona do euro
 (Daniel Roland/AFP)

Sede do BCE: mais de oito anos após o início da crise financeira, as economias dos Estados Unidos e Grã-Bretanha estão crescendo a um ritmo mais saudável, em contraste com as do Japão e de muitos países da zona do euro (Daniel Roland/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de setembro de 2015 às 15h05.

Londres - Os bancos centrais mais importantes do mundo estão enfrentando o risco de que seus esforços massivos para reanimar o crescimento econômico poderiam ser novamente derrubados, com alguns representantes pedindo novas idéias ousadas para conter a ameaça de crescimento lento para os próximos anos.

Um dia após o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, deixar a taxa de juros inalterada, citando riscos na economia global, o economista-chefe do Banco da Inglaterra disse que os bancos centrais precisam aceitar que as taxas de juros podem ficar presas no fundo do poço.

No Japão, onde a taxa de juros tem sido zero há mais de 20 anos, os formuladores de políticas já estão lançando ideias para rever o enorme programa de estímulo monetário do Banco do Japão, uma vez que temem que ele seja insustentável no futuro, de acordo com fontes familiarizadas com a seu pensamento.

Separadamente, um alto membro do Banco Central Europeu (BCE) disse que o programa de compra de títulos do BCE pode precisar ser repensado se a inflação baixa se tornar persistente.

No entanto, ele acrescentou que a política monetária não irá restaurar o crescimento econômico a longo prazo.

Mais de oito anos após o início da crise financeira, as economias dos Estados Unidos e Grã-Bretanha estão crescendo a um ritmo mais saudável, em contraste com as do Japão e de muitos países da zona do euro.

Entretanto, o risco de uma forte desaceleração na China e em outras economias emergentes tem impedido o Fed de começar a aumentar a taxa de juros e está sendo observado de perto pelo Banco de Inglaterra.

Investidores acreditam que o adiamento do Fed será de curta duração e que o BC dos EUA pode começar a elevar os juros antes do fim do ano, seguido alguns meses mais tarde pelo banco central britânico.

Mas o economista-chefe do Banco da Inglaterra, Andy Haldane, que tem sido por muito tempo pessimista sobre as chances de uma recuperação sustentável, disse que o mundo pode de fato estar se afundando em uma nova fase da crise financeira --desta vez causada por mercados emergentes.

Em um discurso na sexta-feira que resumiu o dilema para muitos bancos centrais, ele disse que as autoridades têm muito menos margem de manobra do que no passado.

Haldane destacou que o próximo passo do Banco da Inglaterra pode ser cortar a taxa de juros abaixo de seu recorde de baixa de 0,5 por cento, em vez de prosseguir com uma alta como amplamente esperado.

Mas mesmo quando as taxas de juros começarem a subir, ele alertou que poderia ter de recuar novamente para perto de zero por problemas futuros.

"Se as taxas de juros reais globais ficarem persistentemente mais baixas, os bancos centrais podem precisar pensar de forma criativa sobre como lidar de forma mais duradoura com a restrição tecnológica imposta pelo limite inferior zero nas taxas de juros", disse ele.

"Isso pode exigir um repensar, bastante fundamental, de uma série de práticas dos bancos centrais atuais".

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