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Estabilização do dólar deve orientar reajuste de combustível

Como a Petrobras importa petróleo e combustíveis, alta do dólar afeta negativamente as contas da estatal

Funcionário de um posto de gasolina abastece um carro em São Paulo: dólar estável deve orientar reajustes (Paulo Whitaker/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2013 às 22h46.

Rio de Janeiro - A estabilização do câmbio se transformou em elemento chave nas negociações para um aumento dos preços do diesel e da gasolina no Brasil, e o ideal para a Petrobras seria aguardar o câmbio se estabilizar antes de qualquer reajuste, disseram à Reuters duas fontes próximas das discussões.

Como a Petrobras importa petróleo e combustíveis, a alta do dólar --que atingiu nesta semana o maior patamar frente ao real em quase cinco anos-- afeta negativamente as contas da estatal.

Por conta do salto do dólar, de mais de 20 por cento desde maio, o Banco Central decidiu nesta quinta-feira intervir diariamente no mercado de câmbio até o fim do ano.

Uma das fontes, que falou à Reuters sob condição de anonimato, disse que a defasagem dos preços de venda da gasolina pela Petrobras no mercado interno em relação aos valores do produto no mercado internacional está entre 20 e 22 por cento.

"O dólar está variando todo o dia e o (petróleo) Brent também, a variação é quase diária... Isso varia muito e tem que ver um ponto de estabilização (do câmbio) para tomar uma decisão, e a sociedade não pode passar por isso, e a economia não resiste uma pancada dessa", afirmou a fonte, referindo-se ao impacto na inflação, no caso do repasse imediato da variação cambial e do petróleo.

Nesta quinta-feira, as ações preferenciais da Petrobras fecharam em alta de 5,3 por cento, após os principais jornais do país terem informado que um reajuste havia sido decidido em reunião entre a presidente Dilma Rousseff e a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, na quarta-feira. O Planalto negou que tal discussão tenha ocorrido, mas as ações tiveram mesmo assim fortes ganhos.


O governo, controlador da Petrobras, é cauteloso ao conceder reajustes aos combustíveis por conta do impacto na inflação, que está próxima do teto da meta.

"Acho que o dólar tem que estabilizar para ter uma perspectiva", disse a fonte, acrescentando, contudo, que a cúpula do governo poderia reverter a lógica de aguardar até o dólar se estabilizar em um novo patamar para conceder o reajuste.

Uma outra fonte próxima das discussões ouvida pela Reuters considera que é inapropriado um aumento dos combustíveis no momento, afirmando que é preciso esperar "a poeira baixar".

"Acho que hoje não tem como ter aumento... não combina ter uma aumento de gasolina neste momento, apesar da alta do dólar que está sufocando a Petrobras", afirmou a fonte.

"O cenário político está muito complicado e acho mais fácil a Petrobras ser penalizada do que ter um aumento agora", completou.

Procurada, assessoria de imprensa da Petrobras disse que não comentaria o eventual aumento ou a defasagem de preços.

Mantega Concorda

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, presidente do Conselho de Administração da Petrobras, reconheceu em entrevista ao portal G1 nesta quinta-feira que o dólar forte pressiona os custos da Petrobras. Mas também disse que o reajuste não pode ser automático, uma vez que há incertezas sobre o patamar que o câmbio ficará.


"Não é automático, mesmo porque não sabemos quando vai voltar (a taxa de dólar a patamares mais baixos), se vai ficar, não vai ficar. Tudo isto é uma incógnita. Tem que esperar para ver", disse.

Questionado se um novo reajuste nos preços dos combustíveis seria inevitável, Mantega preferiu dizer que é importante não passar a volatilidade do mercado aos preços dos combustíveis.

"Não é questão de ser evitável ou não. Todo ano a Petrobras reajusta o preço da gasolina e do diesel, isto é normal. Não há número fixo de reajuste (no ano). Pode ser 1, 2, 3. Há uma tendência de convergir com o preço internacional. O que não pode passar para o preço é uma turbulência passageira porque senão os preços estariam endoidados." Os últimos reajustes de combustíveis, realizados desde o ano passado, foram anulados pela alta do dólar, e o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse recentemente que a empresa trabalha "intensamente" para alinhar o preço interno ao internacional.

O diesel foi reajustado duas vezes este ano pela Petrobras --com altas de 6,6 por cento em janeiro e 5 por cento em março--, enquanto a gasolina teve uma alta de 5,4 por cento janeiro.

No ano passado, a Petrobras promoveu dois reajustes no diesel, um de 6 por cento, em julho, e outro em junho, de quase 4 por cento, quando a gasolina também foi reajustada em 7,8 por cento.

Em 2012, quando a Petrobras anunciou os reajustes, o governo zerou a cobrança da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre os combustíveis, com o objetivo de neutralizar o impacto dos aumentos para o consumidor final e para a inflação.

Com a Cide zerada, os reajustes concedidos neste ano foram repassados aos consumidores.

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Rio de Janeiro - A estabilização do câmbio se transformou em elemento chave nas negociações para um aumento dos preços do diesel e da gasolina no Brasil, e o ideal para a Petrobras seria aguardar o câmbio se estabilizar antes de qualquer reajuste, disseram à Reuters duas fontes próximas das discussões.

Como a Petrobras importa petróleo e combustíveis, a alta do dólar --que atingiu nesta semana o maior patamar frente ao real em quase cinco anos-- afeta negativamente as contas da estatal.

Por conta do salto do dólar, de mais de 20 por cento desde maio, o Banco Central decidiu nesta quinta-feira intervir diariamente no mercado de câmbio até o fim do ano.

Uma das fontes, que falou à Reuters sob condição de anonimato, disse que a defasagem dos preços de venda da gasolina pela Petrobras no mercado interno em relação aos valores do produto no mercado internacional está entre 20 e 22 por cento.

"O dólar está variando todo o dia e o (petróleo) Brent também, a variação é quase diária... Isso varia muito e tem que ver um ponto de estabilização (do câmbio) para tomar uma decisão, e a sociedade não pode passar por isso, e a economia não resiste uma pancada dessa", afirmou a fonte, referindo-se ao impacto na inflação, no caso do repasse imediato da variação cambial e do petróleo.

Nesta quinta-feira, as ações preferenciais da Petrobras fecharam em alta de 5,3 por cento, após os principais jornais do país terem informado que um reajuste havia sido decidido em reunião entre a presidente Dilma Rousseff e a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, na quarta-feira. O Planalto negou que tal discussão tenha ocorrido, mas as ações tiveram mesmo assim fortes ganhos.


O governo, controlador da Petrobras, é cauteloso ao conceder reajustes aos combustíveis por conta do impacto na inflação, que está próxima do teto da meta.

"Acho que o dólar tem que estabilizar para ter uma perspectiva", disse a fonte, acrescentando, contudo, que a cúpula do governo poderia reverter a lógica de aguardar até o dólar se estabilizar em um novo patamar para conceder o reajuste.

Uma outra fonte próxima das discussões ouvida pela Reuters considera que é inapropriado um aumento dos combustíveis no momento, afirmando que é preciso esperar "a poeira baixar".

"Acho que hoje não tem como ter aumento... não combina ter uma aumento de gasolina neste momento, apesar da alta do dólar que está sufocando a Petrobras", afirmou a fonte.

"O cenário político está muito complicado e acho mais fácil a Petrobras ser penalizada do que ter um aumento agora", completou.

Procurada, assessoria de imprensa da Petrobras disse que não comentaria o eventual aumento ou a defasagem de preços.

Mantega Concorda

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, presidente do Conselho de Administração da Petrobras, reconheceu em entrevista ao portal G1 nesta quinta-feira que o dólar forte pressiona os custos da Petrobras. Mas também disse que o reajuste não pode ser automático, uma vez que há incertezas sobre o patamar que o câmbio ficará.


"Não é automático, mesmo porque não sabemos quando vai voltar (a taxa de dólar a patamares mais baixos), se vai ficar, não vai ficar. Tudo isto é uma incógnita. Tem que esperar para ver", disse.

Questionado se um novo reajuste nos preços dos combustíveis seria inevitável, Mantega preferiu dizer que é importante não passar a volatilidade do mercado aos preços dos combustíveis.

"Não é questão de ser evitável ou não. Todo ano a Petrobras reajusta o preço da gasolina e do diesel, isto é normal. Não há número fixo de reajuste (no ano). Pode ser 1, 2, 3. Há uma tendência de convergir com o preço internacional. O que não pode passar para o preço é uma turbulência passageira porque senão os preços estariam endoidados." Os últimos reajustes de combustíveis, realizados desde o ano passado, foram anulados pela alta do dólar, e o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse recentemente que a empresa trabalha "intensamente" para alinhar o preço interno ao internacional.

O diesel foi reajustado duas vezes este ano pela Petrobras --com altas de 6,6 por cento em janeiro e 5 por cento em março--, enquanto a gasolina teve uma alta de 5,4 por cento janeiro.

No ano passado, a Petrobras promoveu dois reajustes no diesel, um de 6 por cento, em julho, e outro em junho, de quase 4 por cento, quando a gasolina também foi reajustada em 7,8 por cento.

Em 2012, quando a Petrobras anunciou os reajustes, o governo zerou a cobrança da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre os combustíveis, com o objetivo de neutralizar o impacto dos aumentos para o consumidor final e para a inflação.

Com a Cide zerada, os reajustes concedidos neste ano foram repassados aos consumidores.

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