Esforço do governo é insuficiente para atrair investimento
Na opinião de analistas, esforços do governo para resgatar a credibilidade dos agentes econômicos não serão suficientes para trazer de volta os investimentos
Da Redação
Publicado em 22 de fevereiro de 2015 às 17h00.
São Paulo - Os esforços do governo para resgatar a credibilidade dos agentes econômicos não serão suficientes para trazer de volta os investimentos necessários ao País. Foi o que disseram analistas do mercado financeiro paulista ao diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Luiz Awazu Pereira, durante a terceira e última reunião que a autoridade monetária fez na semana passada com profissionais na capital paulista.
Segundo contou ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, um dos participantes do encontro, este é um dos vários recados que o diretor deverá levar para Brasília e que, provavelmente, se fará presente no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março. Os encontros têm como objetivo permitir ao BC colher as impressões dos analistas do mercado financeiro sobre a atividade, a inflação e a economia internacional, justamente para auxiliar o redator do RTI. De acordo com o que os participantes teriam dito ao diretor do BC, se havia inicialmente alguma expectativa de a economia , em 2016, mostrar algum sinal de revigoramento, agora ela cai por terra.
A despeito de a maioria ainda não apostar em uma nova queda do PIB no ano que vem, muitos relataram a Awazu o temor de que o recuo da economia esperado para 2015 respingue sobre 2016. "Não há nenhum esforço do governo para recuperar a credibilidade, não há nenhum sinal de que a confiança será retomada. A confiança dos empresários deve continuar baixa e deprimindo os investimentos", descreveu um dos participantes da reunião.
O economista contou ainda que, embora muitos analistas contemplem em seus cenários uma possibilidade grande de o País enfrentar um racionamento de energia, eles ainda não sabem quantificar o impacto de tal medida sobre a economia. "Os efeitos de um racionamento e da Operação Lava Jato são muito difíceis de mensurar. Por isso, ninguém está querendo cravar um número", relatou.
Os analistas demonstraram sintonia ainda em relação ao comportamento da inflação, que tende a ficar elevada neste ano e também no ano que vem. Segundo outro participante, as projeções entre os economistas na reunião para o IPCA de 2015 estão na faixa de 7% e 7,5%, "com viés de alta". Para 2016, as estimativas para a inflação estão entre 5,5% e 6%. "Ninguém acredita que o BC vá conseguir fazer a inflação convergir para o centro da meta, de 4,5%. A desaceleração dos preços livres pode não ajudar tanto assim, como o esperado. Além disso, a inércia inflacionária de 2015 para 2016 deve ficar bem elevada. E ainda tem os ajustes esperados para o câmbio", disse.
Ainda em relação ao câmbio, outro analista comentou que os participantes disseram à autoridade monetária que o dólar deve subir mais ante o real, na tentativa de ajudar a reduzir o déficit nas transações correntes. "O comportamento da conta corrente tem mostrado um pouco isso", afirmou.
São Paulo - Os esforços do governo para resgatar a credibilidade dos agentes econômicos não serão suficientes para trazer de volta os investimentos necessários ao País. Foi o que disseram analistas do mercado financeiro paulista ao diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Luiz Awazu Pereira, durante a terceira e última reunião que a autoridade monetária fez na semana passada com profissionais na capital paulista.
Segundo contou ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, um dos participantes do encontro, este é um dos vários recados que o diretor deverá levar para Brasília e que, provavelmente, se fará presente no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março. Os encontros têm como objetivo permitir ao BC colher as impressões dos analistas do mercado financeiro sobre a atividade, a inflação e a economia internacional, justamente para auxiliar o redator do RTI. De acordo com o que os participantes teriam dito ao diretor do BC, se havia inicialmente alguma expectativa de a economia , em 2016, mostrar algum sinal de revigoramento, agora ela cai por terra.
A despeito de a maioria ainda não apostar em uma nova queda do PIB no ano que vem, muitos relataram a Awazu o temor de que o recuo da economia esperado para 2015 respingue sobre 2016. "Não há nenhum esforço do governo para recuperar a credibilidade, não há nenhum sinal de que a confiança será retomada. A confiança dos empresários deve continuar baixa e deprimindo os investimentos", descreveu um dos participantes da reunião.
O economista contou ainda que, embora muitos analistas contemplem em seus cenários uma possibilidade grande de o País enfrentar um racionamento de energia, eles ainda não sabem quantificar o impacto de tal medida sobre a economia. "Os efeitos de um racionamento e da Operação Lava Jato são muito difíceis de mensurar. Por isso, ninguém está querendo cravar um número", relatou.
Os analistas demonstraram sintonia ainda em relação ao comportamento da inflação, que tende a ficar elevada neste ano e também no ano que vem. Segundo outro participante, as projeções entre os economistas na reunião para o IPCA de 2015 estão na faixa de 7% e 7,5%, "com viés de alta". Para 2016, as estimativas para a inflação estão entre 5,5% e 6%. "Ninguém acredita que o BC vá conseguir fazer a inflação convergir para o centro da meta, de 4,5%. A desaceleração dos preços livres pode não ajudar tanto assim, como o esperado. Além disso, a inércia inflacionária de 2015 para 2016 deve ficar bem elevada. E ainda tem os ajustes esperados para o câmbio", disse.
Ainda em relação ao câmbio, outro analista comentou que os participantes disseram à autoridade monetária que o dólar deve subir mais ante o real, na tentativa de ajudar a reduzir o déficit nas transações correntes. "O comportamento da conta corrente tem mostrado um pouco isso", afirmou.