Encontro de Massa e Haddad termina sem acordo para exportadores
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esperava ouvir de Massa se ele concordaria em usar reservas em yuans para garantir pagamentos aos exportadores brasileiros, em meio à crescente escassez de dólares na Argentina
Agência de notícias
Publicado em 29 de agosto de 2023 às 17h32.
A viagem do ministro da Economia e candidato presidencial argentin o Sergio Massa a Brasília terminou sem acordo sobre o plano que o governo brasileiro havia traçado para garantir as exportações para o país vizinho.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esperava ouvir de Massa se ele concordaria em usar reservas em yuans para garantir pagamentos aos exportadores brasileiros, em meio à crescente escassez de dólares na Argentina.
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No entanto, Massa apresentou uma proposta diferente que, em vez de contar com as escassas reservas internacionais do país, envolve garantias oferecidas pela Corporação Andina de Fomento, com sede em Caracas.
A CAF, segundo Haddad, avalia o plano e prometeu tomar uma decisão até 14 de setembro sobre a autorização de garantias de cerca de US$ 500 milhões a US$ 600 milhões. A oferta inicial do Brasil ainda está de pé, acrescentou o ministro durante coletiva de imprensa conjunta no Palácio do Planalto, onde Massa se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Para a Argentina, é melhor que seja feito através da CAF”, disse Haddad, acrescentando que ambas as opções funcionam para o Brasil.
Mais cedo, Massa pegou Haddad de surpresa ao divulgar à imprensa uma “agenda de temas bilaterais” que não havia sido acordada mutuamente, segundo duas autoridades brasileiras familiarizadas com o assunto. O documento listou iniciativas que ainda estão em discussão entre os dois países, inclusive financiamento do BNDES para um gasoduto na Argentina.
A estratégia incomodou as autoridades brasileiras e Haddad decidiu cancelar uma reunião agendada com uma delegação que acompanhava Massa, disseram as autoridades, pedindo anonimato. O ministério das Finanças da Argentina não respondeu imediatamente a um pedido de comentário enviado fora do horário comercial.
Com reservas cambiais em níveis críticos, a Argentina enfrenta dificuldades para defender o peso. O governo do presidente Alberto Fernández desvalorizou a taxa de câmbio oficial em 18% logo depois das eleições primárias no início deste mês, em que a coalizão governista liderada por Massa saiu em terceiro lugar no número de votos. Mas a discrepância entre o câmbio oficial e as taxas paralelas só aumentou desde então. O enfraquecimento do peso se converte em uma inflação acelerada que complica ainda mais a campanha presidencial de Massa.