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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h30.
As empresas brasileiras investiram 9,5 bilhões de dólares no exterior em 2004 o maior volume da história do país, segundo dados da Unctad, braço da Organização das Nações Unidas para comércio e desenvolvimento. Assim, o Brasil passou a ocupar a quinta posição entre os países em desenvolvimento que mais investem no exterior, atrás apenas de China, Hong Kong, Cingapura e Taiwan. A fusão da Ambev com a belga Interbrew, que resultou numa participação de 44% dos antigos donos da Ambev na nova companhia, a Inbev, foi a responsável por grande parte dos cálculos dessa remessa 5 bilhões de dólares. Os investimentos de empresas brasileiras e suas filiais no exterior totalizaram 2,1 bilhões de dólares.
"O governo brasileiro dá sinais de que está mudando de postura e reconhecendo o papel do investimento de companhias brasileiras no exterior para o desempenho da economia local", afirmou Karl Sauvant, diretor da divisão de investimento, tecnologia e empreendimento da Unctad, durante o seminário Global Players from Emerging Markets, realizado nesta segunda-feira (30/5) pela Fundação Dom Cabral, em São Paulo. "Mas ainda tem de traduzir a intenção em regras de negócios mais favoráveis."
Embora dois terços do investimento de empresas brasileiras no exterior tenham ido para paraísos fiscais, os representantes da Unctad observam que os investimentos diretos tendem aos poucos a aumentar a relevância em relação aos investimentos financeiros. No ano passado, o maior investimento brasileiro direto foi da CSN, no valor de 374 milhões de dólares, numa siderúrgica sediada em Portugal. "As empresas brasileiras começam a perceber que se tornar uma multinacional não significa simplesmente exportar", diz John Stopford, professor da London Business School, no mesmo seminário. "É preciso ter presença internacional e, em geral, os melhores competidores globais não apenas investem fora como também evitam as escolhas mais fáceis, como os países vizinhos."
Stopford citou como exemplo a brasileira Gerdau, que elegeu os Estados Unidos para basear as suas operações fora do país. Stopford também citou a brasileira Sadia e a indiana Rambaxy, uma das maiores produtoras de genéricos do mundo, como exemplos bem-sucedidos de companhias de países em desenvolvimento que ganharam espaço no mercado internacional. "Hoje o global é local", disse. "Não há lugar para se esconder dessa realidade."
A América Latina é o maior destino dos investimentos das companhias brasileiras. De acordo com dados da Unctad, a Petrobras é a principal multinacional brasileira com 14 filiais em seis países. A Odebrecht vem em segundo lugar, com 14 escritórios em 14 países.
O estoque de investimentos estrangeiros de países em desenvolvimento multiplicou por seis entre 1990 e 2003 para 929 bilhões de dólares, o equivalente a 11% do estoque mundial de saída de investimentos no exterior. Nos países desenvolvidos, o crescimento foi de apenas 3,5 vezes no mesmo período.