Paulo Rabello: "O empresário não pode esperar a máquina pública destravar" (Agência Brasil/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de julho de 2017 às 15h24.
Rio - Envolvido em uma polêmica com a equipe econômica do governo após criticar a nova taxa de juros proposta para o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), a Taxa de Longo Prazo (TLP), o presidente do banco de fomento Paulo Rabello de Castro conclamou o empresariado a tomar a dianteira da retomada do crescimento uma vez que "o aparelho do Estado está constrangido por um teto de gastos".
"O empresário não pode esperar a máquina pública destravar. Tem que arrombar a porta da máquina pública. Não podemos esperar que o setor público venha resgatar o setor privado. O aparelho do Estado está constrangido por um teto de gastos. Não nos iludamos: a viúva está pobre, a festa acabou", disse Rabello em debate na cerimônia de posse dos conselheiros da Associação Comercial do Rio.
Rabello disse que acredita no crescimento porque o Brasil não tem mais os problemas dos anos 70, tem reservas internacionais de US$ 370 bilhões e, assim, descolou a economia da política.
"Não temos o direito de achar que nós não vamos mais resgatar o crescimento", disse.
Habituado a frases de efeito, o presidente do banco disse que se sente no BNDES um "banqueiro por um dia" e um "presidente diarista".
"Em um dia limpo a mesa e no dia seguinte não tem nada no Diário Oficial, então continuo no banco", brincou.
Na semana passada dois diretores do banco pediram demissão em reação às críticas de Rabello à TLP, aprovada na gestão de Maria Silvia Bastos Marques.
O economista saiu em defesa do BNDES, afirmando que o banco é articulador e fomentador do crédito de forma que seja concedido sem ágio.
Segundo ele, as prioridades são a inovação e buscar a interiorização vertical do desenvolvimento. A ideia é redescobrir o que chamou de empresário anônimo, pequenos e médios do interior, a quem o banco sim privilegiará com seus subsídios.
Segundo ele o papel do BNDES é importante porque os bancos privados não sabem mais emprestar, já que estão rolando a dívida interna.
"Mas o Brasil não come juros, come alimentos, serviços", disse.
Rabello também afirmou que o BNDES é um banco ético e limpo. "Tem gente que trabalha direito e o Tribunal de Contas da União (TCU) não precisa ficar no pé", afirmou.
O TCU fará uma auditoria para analisar possíveis irregularidades em empréstimos do banco. "Brasil não precisa de babá, muito menos vestida de preto, para poder trabalhar bem", afirmou.