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Emissões externas sofrem queda de 48,58% até agosto

Caso Waldomiro Diniz e dúvidas sobre a política de juros dos EUA reduziram o apetite internacional por papéis do Brasil

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h04.

As emissões externas brasileiras, públicas e privadas, sofreram um tombo de 48,58% nos oito primeiros meses do ano. No período, governo e empresas conseguiram captar 7,952 bilhões de dólares, contra 15,464 bilhões no mesmo intervalo de 2003, segundo a Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid). O desempenho aprofunda a queda de 38,9% verificada no primeiro semestre, quando as captações somaram 6,24 bilhões, contra 10,21 bilhões na comparação.

Dois fatores explicam a queda, segundo os analistas. O primeiro é interno e atende pelo nome de Waldomiro Diniz. A crise deflagrada em fevereiro pelas denúncias contra o ex-assessor do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, contribuiu para aumentar o risco-país. Mas o principal fator que afastou os investidores do país veio dos EUA. O apetite por países emergentes diminuiu quando o mercado internacional percebeu que a economia americana crescia a um ritmo acelerado e forçaria o Federal Reserve (o banco central dos EUA) a elevar a taxa de juros. "As fontes secaram para o Brasil nesse período", afirma Alessandra Ribeiro, analista da Tendências Consultoria.

Rolagem de dívidas

Sem conseguir captar muito dinheiro no exterior, ficou mais difícil para as empresas rolarem suas dívidas. Em dezembro do ano passado, a taxa de rolagem do setor privado ficou em 76%. A porcentagem indica quanto da dívida externa das companhias foi alongada por meio da emissão de papéis no exterior. Em julho deste ano, os empresários conseguiram rolar apenas 26,1% das dívidas.

Com pouco acesso ao dinheiro externo, a opção foi captar recursos no mercado doméstico. No primeiro semestre, por exemplo, as emissões de empresas e governo para investidores brasileiros cresceram 15,5%, subindo de 4,381 bilhões de reais para 5,059 bilhões. "Só as empresas de primeira linha conseguiram captar no exterior", afirma Carlos Urso, economista da consultoria LCA.

Melhores perspectivas

Mas os ares devem melhorar para o país nos próximos meses. Um forte sinal de que os investidores estrangeiros estão mais receptivos é a emissão em euros, realizada na última semana pelo governo, cuja demanda superou bastante a oferta. Companhias privadas também estão abrindo espaço no mercado, como o Unibanco, que anunciou nesta segunda-feira (13/9) a conclusão de uma operação de 100 milhões de dólares, com prazo de sete anos.

O que anima o mercado são as boas perspectivas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e a política gradual de aumento dos juros nos EUA. "Há maior segurança dos investidores em emprestar dinheiro para empresas e governos de países emergentes", afirma Urso, da LCA. Outro estímulo é a queda dos risco-país, atualmente na faixa de 500 pontos, contra 600 até agosto. Com isso, a rolagem de dívidas de curto prazo ficará mais viável, desbloqueando os recursos próprios das empresas para outros fins, como o investimento na produção.

"A melhora da receptividade externa favorecerá a rolagem de um volume considerável de dívidas", afirma Alessandra, da Tendências. A consultoria estima que a taxa de rolagem feche dezembro em 75%, bem próximo aos 76% do mesmo mês do ano passado. Na média do ano, porém, a taxa ficará em 65%, bem abaixo dos 77% de 2003.

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