Sede do Banco Central, em Brasília: uma nova alta dos juros pode dificultar ainda mais a retomada da economia brasileira (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2015 às 08h41.
São Paulo - O Banco Central pode ter interrompido ou está próximo de encerrar o ciclo de alta dos juros, segundo economistas consultados pelo jornal O Estado de S. Paulo.
O BC lida com um cenário adverso para definir o rumo da política monetária: a economia brasileira enfrenta uma forte desaceleração ao mesmo tempo em que a inflação segue elevada por causa da recomposição dos preços administrados - nos 12 meses encerrados em abril, o IPCA-15 chegou a 8,22%, resultado bem acima do teto da meta do governo, que é de 6,5%.
Uma nova alta dos juros pode dificultar ainda mais a retomada da economia brasileira. Para este ano, os economistas consultados pelo boletim Focus, do BC, esperam uma retração de 1,1% e inflação de 8,25%.
"A dúvida é se o ciclo de alta se encerra agora ou se haverá um novo aumento dos juros. A inflação segue elevada, mas o desempenho econômico do País está muito ruim", diz Marcel Balassiano, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
Os números do mercado de trabalho - divulgados na terça-feira, 28, pelo IBGE - ilustram o cenário difícil da economia brasileira. A taxa de desocupação subiu para 6,2% em março, a maior desde maio.
A renda média real recuou 2,8% na comparação com fevereiro. Foi a queda mensal mais intensa desde janeiro de 2003.
"De repente, o Banco Central faz um parada no ciclo de alta dos juros para ver como o enfraquecimento no mercado de trabalho vai impactar a dinâmica de salário e, portanto, da inflação", afirma Zeina Latif, economista-chefe da XP.
"Há um ajuste do mercado de trabalho em curso. As empresas estão enfrentando dificuldades financeiras e precisam ajustar os seus custos", diz.
Para Monica de Bolle, pesquisadora do Peterson Institute for International Economics, o BC deve desacelerar o ritmo de alta dos juros na próxima reunião e promover um aumento de 0,25 ponto porcentual.
"Se o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) não fizer o aumento dos juros este ano, o Brasil ganha um tempo valioso para colocar a casa em ordem sem uma pressão externa. Isso quer dizer que, quanto antes o BC antecipar esse aumento dos juros que pretende fazer, mais ele aproveita essa janela de oportunidade", afirma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.