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Economia da China cresce 5,2% em 2023

PIB da segunda maior economia do mundo aumentou 5,2%, para R$ 87,06 trilhões

O elevado endividamento e a diminuição da compra de imóveis deixaram grandes empresas como Evergrande ou Country Garden em risco de falência (Peng Song/Getty Images)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 17 de janeiro de 2024 às 09h13.

A economia da China registou um crescimento de 5,2% em 2023, um dos piores em mais de três décadas, segundo dados oficiais publicados nesta quarta-feira, refletindo um país que enfrenta uma grave crise imobiliária, um consumo fraco e uma turbulência global. Embora o valor esteja em linha com as expectativas e com o objetivo anual definido por Pequim, provavelmente aumentará a pressão sobre as autoridades para introduzirem mais medidas de estímulo para reativar a atividade empresarial e o consumo.

O produto interno bruto da segunda maior economia do mundo aumentou 5,2%, para 126 trilhões de yuans (R$ 87,06 trilhões), informou o Departamento Nacional de Estatísticas. O número melhora os 3% registados em 2022, quando a atividade foi severamente afetada por rigorosas restrições anti-covid. No entanto, é o pior resultado para a economia chinesa desde 1990 sem ter em conta os anos da pandemia.

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Depois de suspender as medidas sanitárias rigorosas no final de 2022, Pequim estabeleceu uma meta de crescimento de “cerca de 5%” para o ano anterior. O regresso à normalidade pós-Covid levou a uma recuperação inicial da economia, que depois perdeu dinamismo à medida que a desconfiança recaiu sobre as famílias e as empresas e pesou sobre o consumo.

Uma crise generalizada no setor imobiliário, o elevado desemprego entre jovens e o abrandamento econômico global também pesam sobre o crescimento da China. As exportações do país, um pilar histórico da sua economia, caíram no ano passado pela primeira vez desde 2016, segundo dados divulgados sexta-feira pelos serviços alfandegários.

As tensões geopolíticas com os Estados Unidos e os esforços de alguns países ocidentais para reduzir a sua dependência da China e diversificar as suas cadeias de abastecimento também prejudicaram o crescimento. Só em março as autoridades deverão anunciar a sua meta de crescimento para 2024.

“A recuperação pós-covid mais decepcionante”

O comissário do órgão estatístico Kang Yi disse nesta quarta-feira que a recuperação foi “uma tarefa árdua” em 2023, como demonstram outros indicadores publicados na quarta-feira. As vendas no comércio, principal indicador do consumo das famílias, desaceleraram em dezembro com um aumento homólogo de 7,4%, contra os 10,1% registados no mês anterior.

A produção industrial acelerou ligeiramente para 6,8% em termos homólogos, contra 6,6% em novembro, e a taxa de desemprego aumentou uma décima para 5,1% neste mesmo período. Este último indicador está incompleto, uma vez que se baseia apenas em dados dos centros urbanos e exclui milhões de trabalhadores em zonas rurais particularmente vulneráveis ​​ao abrandamento econômico.

Também não inclui a taxa detalhada para pessoas entre os 16 e os 24 anos, que deixou de ser publicada em maio depois de atingir um recorde de mais de 20% de jovens desempregados. O gabinete de estatística publicou também dados demográficos que mostram uma aceleração do declínio populacional da China, superada em 2023 pela Índia como a nação mais populosa do planeta.

“O que a China viu no ano passado foi possivelmente a recuperação pós-Covid mais decepcionante que se possa imaginar”, disse Shehzad Qazi, diretor da consultoria China Beige Book, à AFP. “A economia mancou no final do ano. Qualquer verdadeira aceleração no próximo ano exigirá uma grande surpresa global positiva ou uma política governamental mais ativa”, disse ele.

"Uma oportunidade"

Ferida pela falta de confiança empresarial e pelo consumo lento, a China está a tentar seduzir investidores internacionais. No Fórum de Davos, na terça-feira, o primeiro-ministro Li Qiang apresentou uma imagem optimista da sua economia.

"Não importa como a situação mundial mude, a China aderirá à sua política nacional básica de abertura ao mundo exterior", disse ele. “Escolher o mercado chinês não é um risco, mas sim uma oportunidade”, acrescentou.

Mas os riscos são abundantes, especialmente no setor imobiliário que, após duas décadas de expansão frenética, representa um quarto do PIB. O elevado endividamento e a diminuição da compra de imóveis deixaram grandes empresas como Evergrande ou Country Garden em risco de falência.

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