Economia

Economia cresce com as pernas mancas, diz Mantega

Segundo o ministro, os principais motivos são o freio nas concessões de crédito e as turbulências internacionais provocadas pelo prolongamento da crise


	Ministro da Fazenda, Guido Mantega: a aposta do governo é estimular o investimento por meio da concessão de infraestrutura logística ao setor privado, como aeroportos e rodovias
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Ministro da Fazenda, Guido Mantega: a aposta do governo é estimular o investimento por meio da concessão de infraestrutura logística ao setor privado, como aeroportos e rodovias (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2013 às 08h17.

Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou, na quarta-feira, 11, que o freio nas concessões de crédito, aliado às turbulências internacionais provocadas pelo prolongamento da crise financeira nas economias desenvolvidas, que consequentemente compram menos produtos brasileiros, faz com que o País cresça com pernas "mancas".

"A economia brasileira está crescendo com duas pernas mancas", avaliou o ministro. "De um lado, financiamento ao consumo escasso e, de outro, a crise internacional, que rouba parte da capacidade de crescimento."

Mantega acrescentou que o crédito para consumo está escasso no Brasil, enquanto o crédito para investimento é abundante. "Acredito que hoje qualquer empresário consegue financiamento pra aquisição de máquina e equipamento."

De acordo com o ministro, "se o vento contrário se tornar a favor, de popa, e o crédito ao consumidor possa aumentar, teremos duas novas formas dinamizadoras para estimular." O ministro disse ainda que "a agricultura vai bem" e que este ano deve registrar safra recorde de 187 milhões de toneladas de grãos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira registrou uma contração de 0,5% no terceiro trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores. O desempenho foi fortemente influenciado pela queda nos investimentos e pelo baixo desempenho da indústria (0,1%).

Concessões

A aposta do governo é estimular o investimento por meio da concessão de infraestrutura logística ao setor privado, como aeroportos e rodovias. Segundo Mantega, esse programa está despertando o "espírito animal" dos empresários.


"Esse conjunto de concessões é um grande programa, que vai mudar a vida dos brasileiros, aumentar a produtividade, reduzir custos, reduzir gargalos e melhorar os serviços", disse o ministro, em apresentação no Encontro Nacional da Indústria (Enai), em Brasília.

De acordo com o ministro da Fazenda, os investimentos, que já vêm crescendo, serão impulsionados pelas concessões a partir de 2014. "São projetos que estão se mostrando atraentes para investidores nacionais e estrangeiros", disse.

Ele reforçou a fala da presidente Dilma Rousseff, de que o governo fez leilões importantes e continuará fazendo. Em 2014, o governo aposta na concessão de ferrovias e de portos, cujos estudos esbarram em problemas técnicos e de controle pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Mantega também citou o leilão do campo de Libra, na camada do pré-sal da Bacia de Campos. Segundo ele, cada R$ 1 milhão investido em Libra tem efeito multiplicador de R$ 3,3 milhões de produção na economia.

Além dos investimentos, que, de acordo com Mantega, estariam capitaneando o crescimento da economia brasileira, haverá aumento do mercado consumidor, na avaliação do ministro. Ele citou que a expansão do consumo, que cresce a um ritmo de 5%, não é tão grande quanto no passado, mas é suficiente para movimentar a economia. "Devemos terminar o trimestre com boas vendas", disse.

O ministro destacou que a inadimplência do setor varejista está caindo. "É um fenômeno que já ocorre nos últimos dois anos. Vai facilitar aumento do crédito para o setor", falou.

Sobre a indústria, Guido Mantega afirmou que o setor reage à política de desonerações da folha de pagamento. "O governo implementou desonerações tributárias que reduziram custos e agora temos um câmbio mais favorável para que os produtos brasileiros possam competir, seja no nosso mercado ou no mercado externo", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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